ARTIGO DO SETOR – Morte prematura ou morte anunciada?

* Clara Rejane Scholles

O transporte de cargas conteinerizadas por cabotagem teve uma perda na última semana de novembro, o encerramento das operações da Maestra Logística, empresa do grupo Triunfo Participações e Investimentos (TPI).

Em 2013 a Maestra movimentou cerca de 40.000 teus (unidades equivalentes a um contêiner de 20’). Com quatro navios de tamanhos entre 1.100 e 1600teus, a Maestra operava na cabotagem desde 2011. Como grupo listado na Bovespa, sua publicação de resultados mostra que o resultado para a operação de cabotagem continuava negativo.

A navegação, e em específico o transporte de cargas conteinerizadas, é uma atividade intensiva de capital e com margens reduzidas. Assim acontece na navegação internacional, em que os operadores buscam cada vez mais economias de escala e redução de custos, em especial o consumo de combustível.

Não é diferente para o setor da cabotagem. Os líderes definem os novos patamares de competitividade. Assim, a Aliança Navegação, importou e colocou em operação quatro navios novos de 3.800 teus em 2013. O custo unitário para este operador é o novo padrão para o mercado de cabotagem brasileiro.

Diante dessa realidade, navios antigos e pequenos não teriam futuro. Acompanhar os novos tempos exigiria grandes somas de investimento que, talvez, para a TPI não sejam exatamente o foco principal dos seus negócios.

Tudo isso, no entanto, não invalida a contribuição valiosa da Maestra para este mercado. Serve para chamar a atenção do governo brasileiro que o modal requer sim atenção e ajuda. O custo do combustível, que representa mais de 50% do custo operacional, é sujeito à cotação no mercado internacional e ainda paga ICMS. Portanto, o modal de transporte que mais rápido e eficientemente pode mudar a matriz de transportes brasileira continua sendo penalizado.

A solução para o custo de combustível, bem como da burocracia que atrapalha seu avanço, para ficar somente com dois itens, está ao alcance da caneta governamental. É apenas uma questão de definir a prioridade.

Embora o mercado tenha um operador a menos, os demais operadores – Aliança, Log-In e Mercosul Line – deverão acomodar seus volumes, dentro das suas limitações operacionais e de preço. Porém, já não pode-se esperar o mesmo ritmo de crescimento do mercado para 2014 e 2015.

* Clara Rejane Scholles é consultora em logística e diretora da Pratical One

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