Brasil volta a decolar e companhias aéreas devem registrar lucro

O Brasil está de volta. Pelo menos no céu.

A América Latina talvez seja a única região onde os resultados das companhias aéreas — segundo um indicador de rentabilidade — vão crescer neste ano, de acordo com dados compilados por Michael Linenberg, do Deutsche Bank. E é tudo graças a uma recuperação em sua maior economia.

O lucro operacional das companhias aéreas com sede na região está previsto para crescer 28 por cento em relação ao ano anterior, para US$ 2,2 bilhões. Esse valor deve crescer novamente no próximo ano, para US$ 3 bilhões, e este seria o melhor ano desde pelo menos 2012.

No Brasil, o tráfego doméstico cresceu em relação ao ano anterior desde março deste ano. Em setembro, atingiu o nível mais alto desde julho de 2015, segundo dados da Anac compilados pelo Deutsche Bank. Este é um dos sinais mais claros de recuperação econômica à medida que o Brasil sai da pior recessão de sua história.

“A estabilização e a recuperação do Brasil estão impulsionando o crescimento na região”, disse John Plueger, CEO e cofundador da Air Lease Corp. “É tão grande que domina a América do Sul. Para um crescimento contínuo e sustentável, precisamos de uma melhoria econômica contínua no Brasil.”

Até agora, os sinais parecem promissores. Economistas consultados pela Bloomberg projetam que o Brasil crescerá 2,5 por cento no próximo ano, o que seria o maior crescimento desde 2011. E as empresas do índice de referência Ibovespa encerraram a temporada de resultados mais recente com um crescimento combinado de 5,8 por cento na receita líquida, o primeiro trimestre positivo do ano.

Por isso, as companhias aéreas estão se preparando para se ajustar. A maior aérea latino-americana, a Latam Airlines Group, vê sinais suficientes de recuperação econômica para considerar a adição de voos no mercado interno do Brasil pela primeira vez desde 2014, disse o CFO no início deste mês. No terceiro trimestre, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes informou um aumento em relação ao ano anterior nos assentos-quilômetro disponíveis, um indicador da capacidade de transporte de passageiros, de 4,5 por cento, informou a empresa em um documento.

“Nos últimos anos, quase todos os atores da América Latina reduziram sua frota quando o mercado encolheu daquele jeito”, disse Thomas Hollahan, chefe do setor de aviação global do Citi. “Isso parou neste ano — e as companhias aéreas só fazem isso depois de verem o piso econômico.”

Hollahan também apontou para a maior estabilidade do real brasileiro — que atingiu um piso recorde em 2015 — como outro sinal positivo para o mercado. Ele disse que a recuperação econômica esperada na Argentina também deve ajudar a região em um momento em que o crescimento no Chile e na Colômbia continua fraco.

“Ainda não voltamos ao crescimento de dois dígitos, mas quando você adiciona casos realmente bons, como o da Argentina, isso ajuda”, disse ele.