Setor logístico inova com conferência de carga de forma remota

Infraestrutura da Multilog em Campinas permite Auditor-Fiscal da Receita Federal fazer primeira verificação física de mercadorias importadas em sua própria casa

Não é de hoje que o comércio internacional inova visando agilizar suas operações logísticas, tornando os produtos mais competitivos no mercado mundial. Na Alemanha, por exemplo, faz muito que as cargas seguem direto dos Aeroportos ou Portos para as fábricas, onde lá são desembaraçadas pelo órgão fiscalizador alemão.

O Brasil registrou um novo marco no setor logístico neste início de 2020. A verificação de carga com desembaraço de importação de forma remota se tornou realidade na Alfândega de Viracopos. Com expertise em inovação, do CLIA Multilog Campinas – recinto alfandegada que desenvolve soluções completas e diversificadas para operações internacionais, centros de distribuição e transportes – foi o operador escolhido para oferta de estrutura adequada para a conferência.

O auditor-fiscal Miguel da Costa Lino Tourinho, da Alfândega de Viracopos, é um dos mais de 13 mil servidores da Receita Federal que estão atuando fora de sua repartição em virtude da crise do coronavírus. No dia 6 de abril, ele efetuou a verificação física e desembaraçou duas declarações de importação de canal vermelho, de forma remota, a partir de sua própria casa.

O CLIA Multilog em Campinas, que possui estrutura para a realização da vistoria, contou com o desenvolvimento de um sistema para atender a demanda remota, integrando as câmeras já instaladas em diversos pontos para garantir o registro do procedimento de diferentes ângulos. Com isso, o operador pode explorar as imagens e ter total acesso e visibilidade de todos os detalhes da carga e de todas as fases do processo, mesmo de maneira remota. A prática também poderá permitir o acompanhamento do importador da mercadoria.

O Delegado da Alfândega da RFB no Aeroporto de Viracopos, Fabiano Coelho, explica que a prática é exemplo de agilidade, precisão e segurança. “Estamos inaugurando uma nova era no controle aduaneiro. Com o auxílio da tecnologia, faremos conferências físicas ainda mais eficazes e transparentes, aumentando a agilidade e reduzindo as dificuldades causadas pela alocação física dos servidores. Ganha a Aduana, ganham os recintos, ganham os importadores e evolui o nosso país”, conta.

O processo estava sendo estudado há meses, tendo já superado a fase de testes e adequações, o que permitiu a implantação total do modelo neste momento. “A sistemática já estava para ser implementada e se tornou uma realidade com o surgimento da necessidade de isolamento social. Mais uma vez, buscamos a inovação para desenvolver o setor como um todo”, afirma Juliane Wolff, Gerente de Relações Institucionais da Multilog.

A conferência de carga de forma remota foi autorizada pela Portaria ALF/VCP nº 33, de 23 de março de 2020. Segundo especialistas, ela não substituirá conferências presenciais em casos de maior complexidade ou risco.

Segundo a Receita Federal, a nova sistemática não irá substituir a verificação física presencial, que ainda é considerada indispensável em casos de maior complexidade e maior risco, mas será uma importante alternativa para o aumento da produtividade da atividade de conferência física, para uma melhor distribuição da carga de trabalho dentro da Unidade, da Região Fiscal e até mesmo do País. Efetuados os devidos ajustes, poderá também ajudar no trabalho das equipes que fazem a gestão dos Operadores Econômicos Autorizados (OEA).

Viracopos supera Guarulhos e lidera importações no Brasil

Levantamento da Receita Federal mostra que Terminal de Carga em Campinas chega a superar o Porto de Santos no movimento de declarações de importação, aos finais de semana
Um levantamento realizado pela Alfândega da Receita Federal em Viracopos e pela a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, administradora do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), mostra que o Terminal de Carga de Viracopos atingiu o maior número de Declarações de Importação dentre todos os aeroportos do Brasil nos últimos doze meses, consolidando-se como principal porta de entrada de produtos por via aérea e  demonstrando, com números, a relevância econômica e logística do aeroporto na cadeia produtiva industrial brasileira.

A pesquisa mostra ainda que, se consideradas todas as Aduanas (terrestres, marítimas e aéreas), o Terminal de Carga de Viracopos só ficou atrás do Porto de Santos, na Baixada Santista, em termos de importação de mercadorias. Em média, o aeroporto tramita 28 mil Declarações de Importação por mês, além de 13 mil exportações mensais.

De acordo com o levantamento, são quase 10 mil importadores diferentes, sendo que um em cada quatro importadores nacionais utilizam o aeroporto. No caso dos exportadores, são 10,5 mil, sendo que 25% de todos os exportadores nacionais também utilizam o Terminal de Carga de Viracopos.

“Além de grande terminal de passageiros, Viracopos possui um dos mais modernos e importantes terminais de Cargas do Brasil. Recentemente, por exemplo, o aeroporto tem recebido mais de 20 Declarações de Importação por dia de equipamentos e medicamentos ligados ao combate do Covid 19”, enalteceu Fabiano Coelho, Delegado Titular da Alfândega da Receita Federal do Brasil no Aeroporto Internacional de Viracopos.

Segundo ainda Coelho, o Terminal de Carga também recebe o maior número de importações aos finais de semana, dias em que supera até o Porto de Santos na quantidade de Di’s (Declaração de Importação)

Para o presidente da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, Gustavo Müssnich, os números da Receita Federal demonstram a importância do aeroporto no cenário de infraestrutura nacional. “Além da excelente infraestrutura, Viracopos está em uma localização privilegiada, por sua proximidade com as principais rodovias do Estado de São Paulo e em uma região que concentra as plantas de grandes empresas nacionais e multinacionais”, disse ele.

“Sem a parceria e a ação fundamental dos órgãos públicos em Viracopos, tais como a Receita Federal, ANVISA, VIGIAGRO e IBAMA, esse resultado não seria conquistado”, concluiu o presidente da concessionária.

Recuperação deve ocorrer já em 2021, podendo variar o avanço de 21% a 24%, diz OMC

O documento da Organização Mundial destaca que o comércio global deve cair entre 13% e 32% por conta do coronavírus

A Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê que o volume de comércio global cairá entre 13% e 32%, como resultado das disfunções econômicas provocadas pelo coronavírus. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, 8, a entidade explica que o cenário é difícil para previsões, devido ao caráter incerto da pandemia, mas conclui que a queda será mais acentuada do que a observada durante a crise financeira de 2008 e 2009.

Segundo o documento, as regiões mais afetadas pelo declínio nas exportações serão a América do Norte, com contração entre 17,1% e 40,9%, e Ásia, com recuo de 13,5% a 36,2%. Na América Latina, o recuo deverá variar de 12,9% a 32,8%.

A OMC também ressalta que setores com cadeias produtivas mais complexas serão mais fortemente atingidos, entre eles o de produtos eletrônicos e o automobilístico. Na avaliação da Organização, o comércio de serviços será impactado por meio de restrições de transporte e de viagens. O documento destaca ainda que a recuperação deve ocorrer em 2021, embora pondere que as estimativas são incertas, podendo variar de avanço de 21,3% a 24%. De acordo com a análise, a retomada rápida acontecerá se empresas e consumidores interpretarem os efeitos da covid-19 como temporários. “Os números são ruins – não tem como fugir disso.

Mas uma rápida e vigorosa recuperação é possível”, disse o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo. Em coletiva de imprensa virtual, Azevêdo afirmou que em um ou dois anos será possível retornar aos níveis econômicos anteriores à pandemia, dependendo das ações de cada governo. Ele salientou que as medidas de estímulos fiscais e monetárias, anunciadas por vários países, deve ajudar no processo. “Não temos assimetrias ou problemas com fundamentos da economia global. Essa é uma crise na saúde, que causa choques na oferta e na demanda”, explicou.
Balanço – Azevêdo afirmou que o mundo já estava registrando uma queda no comércio antes da pandemia de coronavírus, por conta das tensões comerciais e da desaceleração econômica. Em relatório divulgado nesta quarta, a entidade revelou que o volume de comércio global contraiu 0,1% em 2019 e deve despencar de 13% a 32% em 2020. Segundo o documento, o valor total das exportações caiu 3% no ano passado, a US$ 18,89 trilhões.

Na contramão, o valor do comércio de serviços subiu 2%, a US$ 6,03 trilhões, expansão mais tímida do que a registrada de 2018, quando houve avanço de 9%. Na entrevista coletiva virtual, Azevêdo destacou que nenhum país vai ficar imune à crise provocada pelo coronavírus. Ele exortou a comunidade internacional a ajudar os países em desenvolvimento. “Países fortemente endividados merecem atenção, porque terão desafios em duas frentes: o sistema de saúde deles não é tão robusto e o desemprego vai subir consideravelmente”, disse.

Exportações brasileiras do agro se mantêm estáveis no 1° trimestre

As exportações do agronegócio brasileiro no primeiro trimestre de 2020 somaram US$ 21,4 bilhões e ficaram estáveis em relação ao mesmo período do ano passado (leve queda de 0,4%), segundo avaliação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com base nos dados da balança comercial da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

A China foi o principal destino das vendas externas. Os embarques para o país asiático foram de US$ 7,2 bilhões, o equivalente a 34% do total. No período, houve grande demanda por produtos como soja, carne bovina, carne de frango e algodão em bruto. União Europeia e Estados Unidos foram o segundo e o terceiro maiores compradores no Brasil nos primeiros três meses do ano.

A soja em grãos, a carne bovina in natura e a carne de frango in natura foram os principais produtos exportados nos três primeiros meses do ano, respondendo por 44% das vendas externas. A oleaginosa totalizou, em receita, US$ 6,2 bilhões, alta de 9,4% na comparação com o mesmo período de 2019.

“As maiores variações nas compras de soja em grãos se deram para União Europeia, China e Tailândia. As três regiões em conjunto contribuíram com um aumento de US$ 494,5 milhões, no primeiro trimestre de 2020 em relação a 2019”, explica a CNA.

As vendas de carne bovina cresceram 29,9%, chegando a US$ 1,6 bilhão, enquanto a carne de frango teve faturamento de US$ 1,5 bilhão, elevação de 7%. A demanda chinesa contribuiu para estes resultados.

“Em relação à carne bovina, as compras chinesas aumentaram 124,7% em relação ao primeiro trimestre de 2019, alcançando o montante de US$ 767,5 milhões no início de 2020. As carnes de frango também tiveram ganhos na China. O país comprou US$ 123,3 milhões a mais em relação ao primeiro trimestre de 2019, alcançando o montante de US$ 345,3 milhões”, diz o documento da CNA.

Outro produto de destaque foi o algodão bruto que registrou a segunda maior variação positiva nas vendas do primeiro trimestre de 2020. Segundo a CNA, a commodity foi altamente demandada pela Ásia, sendo a China detentora do maior aumento nas compras do produto com variação positiva de 119,1%.

O milho também sofreu queda nas exportações, de 51%, De acordo com a CNA, o grão ¨passa por um período de aquecimento no mercado interno e de forte redução dos estoques, o que tem levado o produtor a optar por manter sua mercadoria no Brasil, ao invés de exportar¨.

As exportações de frutas caíram 9% em receita em relação ao primeiro trimestre do ano passado, em razão da queda dos embarques para a União Europeia.

NTC &Logística divulga novos dados e revela 38% de impacto no volume de cargas no transporte rodoviário

São Paulo 09/04/2020 – Após 3 semanas de acompanhamento diário com centenas de empresas transportadoras pelo país, o Departamento de Custos Operacionais da NTC&Logística (DECOPE) apresentou números alarmantes que o setor vem enfrentando com a baixa no volume de cargas.

Nos primeiros dias do acompanhamento, a pesquisa já apresentava uma queda geral de 26,14%, mostrando que para cargas fracionadas, aquelas que contêm pequenos volumes, a queda chegou a 29,81%, número que corresponde a entregas para pessoas físicas, distribuidores, lojas de rua e de shoppings, além de supermercados, dentre outros estabelecimentos. Já para cargas lotação, que ocupam toda a capacidade dos veículos, a pesquisa apontava queda de 22,91%, demonstrando desaceleração do agronegócio, do comércio geral e de grande parte da indústria.

Os números foram aumentando ao passar dos dias, e nos primeiros 7 dias do levantamento não houve retração da demanda geral. Segundo os dados divulgados no último dia 31 março, o departamento apontou na variação da demanda geral uma queda de 26,90%, chegando a quase 1% a mais em relação à última comparação.

As informações divulgadas hoje revelam que o volume de cargas que deixaram de percorrer as estradas do país é de 38,69%. Se comparado com o da semana anterior, a diferença é de 11,79%, informações que preocupam pela velocidade de uma semana para a outra. A carga fracionada chegou a 40,16%, e a lotação 39,24%.

Segundo o presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, “nos meus 78 anos de vida, nunca enfrentei uma crise como a que o mundo atravessa com essa pandemia. É uma situação difícil, porque precisamos nos isolar para viver e, ao mesmo tempo, ter recursos para sobreviver”. Ele comenta também que todos os esforços estão sendo feitos para poder diminuir os impactos no setor. “Sabemos que é difícil não sermos atingidos por essa crise, mas temos que continuar, dentro das possibilidades, abastecendo o país. A NTC vem trabalhando em conjunto com todas as entidades parceiras para cobrar do governo medidas que ajudem o transporte de cargas neste momento, uma vez que o Brasil depende do nosso trabalho, e sempre o fizemos, independente das circunstâncias”.

Diante das medidas de restrição que impactam o consumo geral da população com o fechamento de serviços, o transporte de cargas está sofrendo as consequências, e até o fim desta crise o DECOPE vai monitorar diariamente empresas de diversos tamanhos e segmentos em todas as regiões do país.