Clube de ‘networking’ promove eventos inusitados para reunir executivos

Após chegarem à Casa Fasano, na Vila Olímpia, zona oeste, cerca de 200 executivos do alto escalão de empresas de ramos tão variados quanto HP, Sky, Volkswagen e Amil tiram o paletó e colocam o dólmã, o uniforme branco vestido por chefs de cozinha. Todos estão acompanhados de marido ou mulher e exibem um crachá com seu nome e o da empresa onde trabalham.

Percebe-se que o evento é de negócios, mas não muito. E é justamente esse ambiente que o Experience Club busca promover. Criado há seis anos pelo paulistano Ricardo Natale, 37, o grupo de “networking” marca reuniões informais entre altos executivos.

Experience Club – Experience Club: criado há seis anos pelo paulistano Ricardo Natale, 37, o grupo de “networking” marca reuniões informais entre altos executivos

Natale era dono de uma agência de eventos quando notou espaço para encontros marcados entre os principais nomes de grandes companhias. Eram executivos disputados por eventos diferentes e que não conseguiam comparecer a todos eles. A ideia era reunir as mesmas pessoas e as diferentes empresas num só lugar.

“Eles têm a agenda lotada, milhares de compromissos”, conta Natale, que também percebeu que, se o encontro não tivesse um certo caráter social, no qual o executivo pudesse levar a mulher, ele iria preferir ficar em casa. “Se os eventos são chatos, muito formais, ou se você não inclui a família, é impossível reunir os executivos.”

Há dois tipos de evento feitos pelo Experience Club: almoços entre chefes de departamento (como marketing) e reuniões em formatos inusitados para presidentes e vice-presidentes.

Há corridas de kart, passeios de balão e jantares onde todos cozinham enquanto um chef dá dicas de culinária. No encontro do mês passado na Casa Fasano, em que a sãopaulo esteve presente, o convidado foi o chef e apresentador de TV Olivier Anquier.

Cada encontro custa de R$ 250 mil a R$ 1 milhão. Quem paga a conta toda são os patrocinadores, que exibem sua marca e podem levar grupos de convidados. “Os eventos são ótimos para estreitar a relação com clientes”, afirma Renato Macedo, gerente de vendas da HP, uma das patrocinadoras.

Já as 170 companhias associadas pagam uma anuidade de R$ 15 mil para levar o alto escalão aos eventos. Para participar, a empresa precisa ter faturamento anual superior a R$ 350 milhões -a Sky, uma das associadas, fatura cerca de R$ 5,5 bilhões. Além disso, o clube garante a presença apenas de empresas que não concorrem diretamente no mercado.

Como começou – Os primeiros associados do clube faziam parte da carteira de clientes de Natale na sua antiga agência. “Os novos são geralmente convidados dos patrocinadores que gostam e resolvem fazer parte permanentemente. O negócio se retroalimenta”, diz ele.

Além do jantar, a reportagem acompanhou outro dos 40 eventos que o grupo realiza por ano, quase todos em São Paulo. Dessa vez, um almoço para o pessoal de finanças no Jockey Club, zona oeste, em outubro. Parecia um evento de negócios padrão: muitos figurões engravatados e algumas poucas executivas.

Na aula-show gourmet, o começo também é formal. Casais recém-chegados ao clube ficam pelos cantos, ainda tímidos. Poucos são os grupos que conversam animadamente, geralmente os de participantes antigos.

A interação começa quando cerca de 20 garotas altas, vestidas de preto, acomodam os convidados em mesas com lugares previamente determinados -pessoas que não se conhecem são, então, forçadas a conversar.

Em seguida, com seu carregado sotaque francês, Olivier Anquier explica como fazer a “bruschetta” de queijo “brie” e tomate que está sendo servida. O prato principal, composto de arroz com frutos do mar, é preparado pelos próprios convidados.

Os ingredientes estão dispostos ao redor das bancadas com fogões elétricos e utensílios de cozinha. Um estudante de gastronomia ao lado de cada espaço ajuda a tirar dúvidas. Os 200 participantes cozinham, depois voltam às suas mesas para jantar.

A única pessoa que não usa o dólmã -nem chega perto da panela- é a joalheira Lydia Sayeg, dona da Casa Leão e ex-participante do reality show “Mulheres Ricas”. “Vou deixar os meninos cozinharem. Afinal, não vim com meu Gai Mattiolo para escondê-lo, não é?”, afirma ela, mostrando seu vestido da grife italiana.

No final da noite, casais que não se conheciam já estão trocando cartões e combinando churrascos. Marco Leone, presidente da Microfocus, diz que fez, no clube, amigos que hoje frequentam sua casa. Mas relativiza o caráter informal dos eventos.

“O ambiente é propício para a formação de negócios, mesmo com a família. Estamos ali representando a empresa. Quem quiser confraternizar de verdade deve marcar um jantar em outro ambiente”, diz. Ele afirma que já fechou pelo menos cinco negócios com clientes e fornecedores graças a contatos que fez no clube.

Já Luiz Alberto Villaça, diretor-executivo da Check Express, conta que é difícil medir as vantagens. “O resultado é difuso, não se mede em contratos. Mas é profissionalmente interessante, porque estabelecemos um contato informal, uma relação de confiança com outros executivos”, afirma. “E uma empresa sozinha não consegue fazer encontros tão amplos, com tanta gente de diversos setores.”

Natale conta que já recebeu convites para ampliar a lista de participantes, principalmente de políticos. “[Nos eventos] estão presentes os chefes das maiores empresas, todos querem ter um bom relacionamento.” O organizador não tem, porém, a intenção de atrair esse público no momento.”Os empresários que querem se relacionar com o meio político já o fazem, não é o nosso foco”, diz.

Fonte: UOL

 

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