Crescer exportações pode ser opção das Cias. Aéreas do Brasil no transporte de carga

cargueiro finalApós sucessivas quedas, transporte de carga nas aéreas domésticas pode atingir terceira retração anual, caso não ampliem mercado. Para companhias, diferentemente da estratégia de passageiros (promoções), as saídas são recuperar perdas em processos e aproveitar as exportações.

“O mercado de carga não tem como ser estimulado por meio de marketing e promoções. Ele depende da evolução do PIB industrial”, aponta o consultor da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Maurício Emboaba. Segundo o especialista, o volume de carga transportada vem caindo sistematicamente, por isso, a perspectiva é que o desempenho do setor fique ‘estável com viés de baixa’.

De acordo com Emboaba, o grande gargalo para o ano é o cenário macroeconômico. Em média, no mercado aéreo apenas 15% do espaço disponibilizado para carga tem sido utilizado. “O problema não é a capacidade, é a demanda”, aponta.

Um exemplo é a AviancaCargo . “A companhia não prevê aumento no volume de cargas transportadas em 2016”, apontou o vice-presidente comercial, de marketing e cargas da Avianca Brasil, Tarcísio Gargioni. Sem revelar as estratégias para o período, o executivo afirmou que as ações da companhia vão depender do desempenho da economia do País.

“O mercado está mais difícil. Em algumas rotas temos a competição com o rodoviário, que é mais barato”, explica o diretor da Gollog, Eduardo Calderon ao dizer que, mesmo sendo mais rápido via aérea, neste cenário de redução de custos, o preço tem sido um fator decisivo para as empresas brasileiras.

De acordo com Calderon, entre as principais cargas transportadas pelo setor estão fármacos, confecção, autopeças, eletrônicos e e-commerce. Desses, apenas os dois últimos têm crescido. “Mas não é suficiente para sustentar a queda dos outros. No e-commerce o valor agregado é menor”.

Uma das estratégias que a empresa tem usado é a melhoria dos processos internos. Em 2015 investiu mais de R$ 6 milhões em infraestrutura e neste ano deve continuar com aportes em infraestrutura e capacitação. “Como temos pessoas na empresa para fazer treinamento, o investimento é baixo. Cerca de R$ 300 mil”, disse.

O investimento em processos e mão de obra também se estendeu ao serviço e pista. “Diminuímos em 50% os eventos [de sinistralidade]”, indica.

Para atrair empresas menores e sem agentes de carga, a Gollog também lançou este ano o aplicativo mobile, onde é possível contratar, rastrear a mercadoria, realizar cotações e calcular o valor de entrega.

Saída – Para recuperar parte da receita, uma estratégia em comum da Azul Cargo, Gollog e TAM Cargo é crescer no mercado internacional. Enquanto a Gollog espera expandir as operações já existentes no transporte de carga com Air France-KLM e Delta Air Lines. A Azul já está em discussões operacionais e comerciais com a TAP e a United Air lines. Além disso, a empresa inaugurará este ano o voo para Lisboa, em Portugal, que deverá ajudar no objetivo.

Para o diretor-geral da TAM Cargo, Luis Quintiliano, após um período em que o mercado de transporte aéreo de cargas apresentou uma tendência de baixa, as perspectivas para 2016 são de que o crescimento das exportações – impulsionado pela desvalorização do real – possa gerar uma melhora no fluxo de mercadorias para outros países. “Tendo os Estados Unidos e os principais países da Europa como destino”.

Ainda segundo ele, para ampliar a receita um dos focos da companhia serão produtos de maior valor agregado. “A exemplo dos fármacos, eletrônicos e maquinário”, diz.

De acordo com o vice-presidente de clientes e responsável pela Azul Cargo, Sami Foguel, a empresa espera alta de 10% da receita este ano. Para atingir a meta, Foguel pretende mirar em grandes volumes, entre eles o transporte de eletrônicos com a Samsung, movimento de perecíveis – a empresa tem três grandes exportadores de atum como clientes -, além de conquistar o transporte de artigos perigosos e e-commerce. O desafio para atingir esta demanda, segundo ele, é a capacidade de atendimento. “Mas A Azul começa a receber no segundo semestre os A320 [6 neste ano].”

Questionado sobre a redução da oferta da Azul e o impacto no segmento. Ele aponta que o corte de Rio Branco no Acre foi a maior perda. Mas com o hub em Recife (PE), o decréscimo será suprido.

Outra estratégia para crescer será através de parcerias com pontos de venda da Azul Viagens. “E ainda vamos lançar uma parceria com um grande operador de turismo de Belo Horizonte [MG]”.

Fonte: Jornal DCI