Embraer está com carteira lotada até 2017

A Embraer está com a sua produção preenchida para 2016 e mais de 85% da capacidade da linha vendida para 2017, um ano antes de iniciar as entregas dos jatos da nova família E2. O primeiro jato da segunda geração de aviões comerciais da empresa será apresentado ao mundo no dia 25 deste mês. Desde o seu lançamento, em junho de 2013, a nova família E-Jets E2 alcançou uma carteira de 267 pedidos firmes e 353 direitos e opções de compra.

O presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar Silva, disse que este ano as entregas da aviação comercial deverão ser ainda melhores que no ano passado. A fabricante brasileira terminou o ano de 2015 com um total de 221 aeronaves entregues para os mercados de aviação comercial e executiva, o maior volume de entregas dos últimos cinco anos. A carteira de pedidos firmes a entregar totalizava US$ 22,5 bilhões até o final de dezembro.

O desempenho consolidou a liderança da brasileira no mercado mundial de jatos de 70 a 120 assentos, com 62% de participação nas entregas e 53% nas vendas. Os EUA ainda absorvem o maior volume de vendas, com 38%. No ano passado, segundo Silva, 65% dos jatos E175, de 76 assentos entregues foram para o mercado americano.

“Temos hoje um nível de conforto bastante grande e 2017 também está bem resolvido”, afirmou. A relação entre o número de pedidos recebidos e a quantidade de aeronaves entregues ou “book-to-bill”, foi de dois para um nos últimos três anos. “De 1999 a 2010 vendemos 879 aeronaves. De 2010 pra cá foram 825. Praticamente dobramos o volume de negócios da aviação comercial”.

A boa fase de vendas da Embraer nos últimos anos ajudou a empresa a enfrentar de forma tranquila a fase de transição para os novos jatos (2010-2018), mantendo aquecidas as vendas da atual família E1. “Em 2009 existia uma preocupação muito grande de como iríamos cobrir esse gap e sobreviver até 2018”, lembra Silva.

Ele salienta que os números positivos da empresa resultam de um planejamento estratégico que identificou quatro focos de ações principais: aumento do número de companhias de leasing nos programas, liderança no mercado de aeronaves de 76 assentos nos EUA, a conquista de 20 novos clientes no mundo e a melhoria dos processos de atendimento ao cliente no pós venda.

Sobre as empresas de leasing, Silva diz que a Embraer conseguiu trazer para os seus programas as principais companhias do setor no mundo, como ILFC, CIT, Air Lease (EUA), BOC Aviation (Cingapura), ECC Leasing (Irlanda) e ICBC Leasing (China). Atualmente, representam 35% das suas entregas. “É como se a gente quadruplicasse a nossa força de vendas, já que essas empresas operam no mundo todo com equipes de vendedores que estão à procura de empresas aéreas para fazer negócio”.

Ele disse que essas empresas têm a expertise de conhecer melhor os riscos das companhias aéreas e dos países onde operam e de assumir esses riscos. Na aviação, o leasing representa em torno de 40% das entregas de todos os aviões no mundo. “A empresa de leasing exerce uma atividade extremamente importante porque também já traz o financiamento”.

A Embraer também redesenhou a área de suporte ao cliente no pós-venda, aperfeiçoando os programas de atendimento das companhias aéreas. Caso do sistema pool de peças de reposição. A fabricante apoia mais de 50 companhias aéreas no mundo por meio deste programa, que reduz os investimentos dos clientes em recursos e estoques de alto custo. Na Republic Airways o programa cobre até 308 aviões e está avaliado em US$ 250 milhões.

A expansão no número de clientes também elevou a quantidade de simuladores dos E-Jets no mundo de 29 para 39 nos últimos quatro anos. De 2014 até agora, a empresa também expandiu os centros de serviço no mundo de 34 para 37, entre próprios, autorizados e independentes.

Com a flexibilização das “scopes clauses” (cláusulas trabalhistas que limitavam a 50 o número de assentos para aviões das linhas aéreas regionais nos EUA), a Embraer deu grande salto nas vendas de jatos da família E1. O E175 recebeu uma série de melhorias que resultaram em maior eficiência de combustível (6,4%). Nos últimos três anos, conquistou 80% das oportunidades de vendas no país. No período, a Embraer vendeu 500 E175 em todo o mundo, dos quais 294 somente no mercado americano.

Nos EUA, vê grandes perspectivas de vendas para o jato E190, de até 120 passageiros. “A Delta anunciou 20 pedidos firmes do E190 e vai colocar os aviões para voar na companhia principal. A tendência é que aumente essa frota”, disse Silva. “Sempre que uma major sai na frente, existe a tendência de outras também adotarem o mesmo modelo”.

Fonte: Valor Econômico