“Especial Região de Sorocaba”: Dólar traz boas perspectivas à indústria da Região

Setor produtivo da região acredita em aumento nas exportações com a moeda norte-americana valorizada


A alta do dólar, que fechou a semana passada na casa dos R$ 2,83, é um fator de impacto direto para vários setores da economia, entre eles a indústria. Sorocaba e região, que ocupam a 11ª posição no ranking de exportações do Estado de São Paulo, com um volume acumulado de US$ 1,78 bilhão no ano passado, têm muitas empresas que podem se beneficiar da valorização da moeda americana. Em contrapartida, as indústrias locais importaram um volume de US$ 3,8 bilhões entre máquinas e insumos em 2014. Porém, ao contrário do que se imagina, o dólar alto pode ser positivo, já que com a importação inviável comercialmente, muitas empresas devem retomar a produção de itens que há alguns anos deixaram de ser fabricados na região e no País.

Segundo o vice-diretor da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, o setor já se preocupava com uma taxa de câmbio considerada baixa, aplicada nos últimos anos, que não dava boas condições de competitividade nas exportações. “É claro que foi um salto grande, num curto espaço de tempo, e que haverá empresas que sofrerão com o câmbio alto, pois precisam de importação ou compraram equipamentos em dólar. Mas numa análise geral, essa alta será benéfica, um ponto de equilíbrio, pois aumenta a competitividade para exportar”, explicou.

Erly destaca que a situação mais vantajosa para a venda de produtos manufaturados no exterior e a chegada do dólar a um valor que o setor considera ideal há, pelo menos, três anos, na verdade surge como um alento ao setor diante das perspectivas de um ano difícil – já com anúncio de alta de combustível e energia elétrica. “O impacto para o custo da produção, com esse câmbio, será menor. Isso acaba sendo um contraponto num ano no qual teremos um mercado interno totalmente contraído. Isso não é pessimismo, é realidade” O diretor do Ciesp destaca que grandes empresas da cidade e região, da área de eletrônicos, de produção de geradores de energia eólica e autopeças, devem se beneficiar das boas condições proporcionadas pelo dólar mais alto. “Esse era um valor que o setor industrial esperava, para ser competitivo de novo.”

Na análise do aumento de custos para as empresas que precisam importar componentes para sua produção, o impacto do dólar na casa dos R$ 2,80, que de imediato deve ser grande, tende a se transformar num ponto de fortalecimento da indústria local a médio e longo prazo. Isso porque as indústrias brasileiras que há alguns anos deixaram de produzir itens em razão das facilidades econômicas das importações, devem voltar a fazê-los.

Segundo o Ciesp Sorocaba, os itens líderes de exportação das indústrias locais e regionais são os automóveis, tratores, ciclos e outros veículos terrestres, suas partes e acessórios (US$ 460,2 milhões), seguidos por máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes, aparelhos de gravação ou de reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão e suas partes e acessórios (US$ 381,8 milhões) e reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos e suas partes (US$ 317,7 milhões). Os principais destinos das exportações foram Argentina (29,2% do total exportado), Estados Unidos (21,4%) e Alemanha (5,7%).

Nas importações, os destaques são reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos e suas partes (US$ 1,4 bilhão), máquinas, aparelhos e materiais elétricos e suas partes, aparelhos de gravação ou de reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão e suas partes e acessórios (US$ 638,3 milhões) e produtos químicos orgânicos (US$ 298,2 milhões), todos vindos principalmente da China (23,2%), Estados Unidos (13,6%) e Japão (10,0%).

 

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul