Exportação dispara e leva a saldo recorde

Com uma alta nas exportações em ritmo bem mais acelerado que nas importações, a balança comercial registrou em abril saldo de US$ 6,969 bilhões. O valor ficou 43,3% acima do alcançado em abril de 2016, de US$ 4,862 bilhões, e foi o maior superávit para meses de abril desde o início da série histórica do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). Em abril, as exportações alcançaram US$ 17,686 bilhões, com alta de 27,8% sobre igual mês de 2016, pela média diária. Já as importações totalizaram US$ 10,717 bilhões em abril, com alta de 13,3%. No ano até abril, o superávit alcançou US$ 21,387 bilhões.

Diante do resultado acumulado, o secretário de Comércio Exterior do Mdic, Abrão Neto, afirmou que a balança comercial deve registrar superávit acima de US$ 55 bilhões em 2017. Se confirmada a projeção, o saldo significará aumento em relação ao superávit de 2016, de US$ 47,69 bilhões, e será recorde histórico.

Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a balança comercial do primeiro quadrimestre mostra padrão novo, e melhor, de formação de saldo. Ao contrário de 2016, em que os superávits surgiram principalmente da queda da importação, este ano o saldo é puxado pela alta das exportações. Na comparação interanual, do primeiro quadrimestre de 2016 para igual período deste ano, ressalta, a exportação de manufaturados saiu de queda de 1,8% para alta de 12%. A exportação de básicos saiu de queda de 3% para avanço de 32%. Cagnin lembra que há também crescimento das importações, muito diverso do quadro de queda de desembarques de 2016. Mas a alta das vendas externas tem superado a das compras. A ponderação, diz o economista, é de que mais uma vez as exportações brasileiras crescem muito ao embalo de um ciclo de commodities.

A dúvida é se o ritmo dos embarques será mantido. José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que a magnitude da variação não deve ser mantida porque o preço das commodities já mostra tendência de ajuste e, mais cedo ou mais tarde, deve fazer diferença em itens importantes como minério de ferro ou em industrializados como açúcar. Para Cagnin, mesmo que o ritmo de exportação caia à metade da alta que comanda os embarques hoje, ainda assim deve ser mantida a mudança de padrão, com superávit puxado pela alta das exportações.

Nos embarques de abril, diz Castro, houve desempenho relativamente uniforme em todas as classes de produtos. Básicos avançaram 29,2%, semimanufaturados, 27,5% e manufaturados, 25,7%. Contribuíram para o crescimento, diz Cagnin, o preço das commodities que continuou a beneficiar os básicos e também teve reflexo mais claro nos demais produtos. Itens como açúcar e semimanufaturados de ferro e aço, que estão no início de cadeias produtivas e cujos preços têm grande aderência ao ciclo de commodities, ajudaram a elevar as exportações de industrializados. Outro fator, diz Cagnin, foi a contribuição adicional da exportação de automóveis e veículos de carga. Nesse caso o motor, avalia ele, é o esforço de ocupar a capacidade ociosa brasileira com produção para exportação.

Segundo o Mdic, nas importações, a alta em abril foi de 13,3%. O que preocupa nos desembarques é a queda de 5,9% nos bens de capital em abril, reflexo da falta de confiança na economia. No primeiro quadrimestre, a queda é de 19%. Uma notícia melhor, diz Castro, vem do crescimento de 16,5% na importação de intermediários em abril. A variação, diz, pode representar recuperação “muito discreta” da produção industrial, embora o efeito maior ainda seja atribuído ao câmbio.

Fonte: Valor Econômico