Farmácias de manipulação também encontram dificuldades na importação

Enquanto entidades que representam grandes players da indústria farmacêutica mobilizam-se para reduzir a dependência das matérias-primas importadas, o setor de manipulação convive com a falta de integração setorial. Como resultado, as farmácias magistrais vêm arcando com reajustes de mais de 2.000% no custo dos insumos em plena Covid-19.

Sem conseguir um canal de interlocução com a indústria, as mais de 8 mil farmácias de manipulação do país se veem obrigadas a absorver parte desse ônus e repassar outra fatia ao consumidor. Para piorar a situação, uma pesquisa da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) revelou que 65% das empresas afiliadas revelam dificuldades com disponibilidade de insumos farmacêuticos ativos (IFAs), contra 40% nas primeiras semanas após o início da pandemia.

De acordo com o diretor executivo da Anfarmag, Marcos Fiaschetti (foto), uma média de 2 mil itens têm de ser administrada pelas farmácias de manipulação para aviar receitas, justamente pela personalização dos tratamentos. Pelo porte das empresas, sem condições de manter um estoque elevado, as aquisições são recorrentes e sempre baseadas em pequenas quantidades. “Mas a cada nova compra, o preço das substâncias está maior, levando o setor a um dilema. Repassar o aumento integral ou parcialmente para o consumidor ou deixar de preparar esses medicamentos, desassistindo a população”, comenta.

 

Dependência de importações e mobilização – A indústria farmacêutica nacional, apesar de produzir mais de 70% dos medicamentos consumidos no país, é muito dependente de insumos importados. Hoje, de 85% a 90% das matérias-primas são trazidas de países como China e Índia. Os dois países respondem por 74% do fornecimento para os laboratórios nacionais. No ano passado, o déficit na balança comercial do segmento foi de US$ 2,3 bilhões.

Com informações: Panorama Farmacêutico