Fim da incidência de impostos sobre a capatazia adicionaria R$ 134,5 bi ao PIB em 20 anos, afirma CNI

O fim da incidência de impostos pelos serviços de capatazia impactaria positivamente a economia, o emprego, o fluxo de comércio e os investimentos do Brasil nos próximos 20 anos. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a medida adicionaria R$ 134,5 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB), ampliaria o fluxo de comércio em R$ 90 bilhões e o investimento estrangeiro direto no Brasil em R$ 53,8 bilhões até 2040.

O estudo foi realizado em parceria com as federações das indústrias da Bahia (FIEB), Rio Grande do Sul (FIERGS), Santa Catarina (FIESC) e Paraná (FIEP), e com as associações brasileiras da Indústria Química (Abiquim) e da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).

A eliminação da tributação da capatazia também representaria um ganho de R$ 83,1 bilhões nas remunerações dos trabalhadores brasileiros, de R$ 244 bilhões na produção das empresas e de R$ 123,1 bilhões no consumo das famílias nos próximos 20 anos. Esses ganhos contribuiriam para a economia brasileira que vem buscando se recompor frente ao cenário de crise de pandemia.

A taxa de capatazia é cobrada em função das atividades de manuseio das mercadorias nas instalações portuárias, no momento entre a descarga da mercadoria no território nacional e o desembaraço aduaneiro. Hoje, ela é embutida no valor aduaneiro dos produtos importados, utilizado como base para a cobrança de todos os impostos incidentes na importação.

Para a CNI, a inclusão da capatazia no valor aduaneiro é incompatível com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com o próprio Código Tributário Nacional (CTN). Ambos consideram que a importação ocorre antes da descarga da mercadoria. Assim, um custo posterior a essa descarga não poderia compor a base de cálculo para a incidência dos impostos.

“A inclusão dessa taxa infla o custo de importação e vai na contramão da agenda de competitividade e da melhoria do ambiente de negócios no Brasil. Além de ser incompatível com as práticas e normas internacional e nacional, essa inclusão eleva o custo das empresas brasileiras e onera a nossa produção, inclusive para a exportação”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi.

Bens de capital e alimentação teriam as maiores contribuições para o PIB – Os números mostram que, somente com o aquecimento do setor de bens de capital, o fim da inclusão da capatazia no valor aduaneiro contribuiria para um acréscimo de R$ 3,6 bilhões ao PIB no acumulado dos próximos 20 anos. No de alimentação, esse valor seria de R$ 2,4 bilhões e, no de siderurgia e construção, de R$ 1,8 bilhão.

Outros setores que elevariam sua contribuição para o crescimento do PIB seriam os de têxtil e calçados (R$ 1,4 bilhão); eletroeletrônicos (R$ 861 milhões); químicos (R$ 832 milhões); perfumaria, cosméticos e farmacêuticos (R$ 824 milhões); petróleo, etanol e outros (R$ 523 milhões); e madeira, papel e celulose (R$ 173 milhões).

O estudo elenca ainda os 20 produtos que teriam maiores ganhos na produção até 2040 caso fosse retirado o custo da capatazia portuária. Em valores, os produtos com maiores altas na produção seriam automóveis e utilitários, com R$ 4 bilhões, e semiacabados e outros aços, com R$ 2,3 bilhões. Máquinas e equipamentos e vestuário ficariam em terceiro e quarto lugar, com R$ 2,2 bilhões e R$ 1,9 bilhão, respectivamente.

Indústria de transformação exportaria R$ 11 bilhões a mais nos próximos 20 anos

A indústria de transformação exportaria R$ 11 bilhões a mais no acumulado dos próximos 20 anos com a retirada da capatazia do custo aduaneiro. Os números mostram que o setor de construção e siderurgia teria o maior ganho em exportações nesse período, de R$ 3,5 bilhões ou 4,8%.

Para o de químicos, esse ganho seria de R$ 2,3 bilhões ou 9,8%. O de bens de capital seria o terceiro com o maior ganho em exportações, de R$ 1,7 bilhão ou 1,9%, seguido do de alimentação, de R$ 1,6 bilhão ou 1,3%.