IATA: Transporte de carga aérea no Brasil se prepara para crescer nos próximos quatro anos

Segundo a IATA, órgão internacional de aviação, Brasil é um dos países com maior potencial de crescimento

O Brasil está entre os três países no mundo — junto com Sri Lanka e Vietnã — com potencial de crescimento no transporte de carga aérea internacional nos próximos quatro anos. Apesar de ainda não figurar entre os dez maiores mercados no setor de carga aérea mundial, a atividade vem ganhando espaço no país, com a criação de novas empresas e a destinação de aviões exclusivamente para esta finalidade. Segundo a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês), o mercado mundial movimentou US$ 6,6 trilhões em valores de carga aérea e 50 milhões de toneladas em 2013, patamar que deverá se manter neste ano. No Brasil, são 253 mil toneladas movimentadas de janeiro a agosto de 2014, de acordo com os boletins da Agência Nacional de Aviação Civil.

“Está surpreendendo o volume de empresas atuantes no mercado brasileiro. Hoje, no mundo, o mercado que mais cresce ainda é o da Ásia-Pacífico. Mas o Brasil vem se estruturando. O caminho agora é reduzir a burocracia, no caso do desembaraço de carga internacional. Mas temos um projeto-piloto de exportação que faz o reconhecimento eletrônico já em andamento em Viracopos e que entra em operação na semana que vem em Guarulhos”, diz Carlos Ebner, diretor da Iata no Brasil.

A Copa do Mundo também afetou o mercado de carga no Brasil, assim como aconteceu em outros setores. Mas, segundo especialistas, o segundo semestre é considerado o período de alta temporada para o transporte de produtos. Apesar de as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) não serem das mais otimistas, ainda assim as empresas estão investindo. Um dos fatores para olhar o mercado com mais cuidado tem relação, segundo uma fonte do setor, com o fato de os Correios estarem investindo na participação acionária de 49,99% em uma empresa aérea cargueira, a Rio Linhas Aéreas.

O objetivo dos Correios com a operação é ter uma empresa controlada para realizar o transporte aéreo da carga postal. A operação ainda precisa da aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e de outros órgãos federais. Mas já acendeu o alerta na concorrência, diz a fonte.

Para o professor-doutor da Escola Politécnica da USP e especialista no setor aéreo, Jorge Leal, existe bastante espaço para o mercado crescer no Brasil. Mas é preciso que haja mais informação sobre a movimentação da carga, tanto interna quanto para exportação e importação. “A demanda existe e tende a aumentar com o tempo. Um dos termômetros é a criação e a consolidação de empresas. Caso da Modern Transporte Aéreo de Carga, criada por ex-integrantes da Azul Linhas Aéreas e da Two Flex, resultado da fusão da Two Aviation e da Flex Aero, duas empresas pequenas do setor, que atuam no interior do país”, exemplifica o professor.

Claudio Fonseca, diretor de Cargas da Azul Cargo, diz que a decisão da Azul de ter uma aeronave ATR própria para carga visa preparar a empresa para a possibilidade de movimentar cargas de até 300 quilos por volume. Usando apenas a “barriga” dos aviões de passageiros, o limite era de 60 quilos por volume. A operação começa no dia 6 de outubro, com a rota que liga Porto Alegre a Campinas, em voo noturno. Em novembro será a vez de Fernando de Noronha.

“Tivemos um crescimento de 23% no transporte de carga pela Azul e nosso objetivo é aumentar este percentual, sobretudo agora, com a entrada das aeronaves A-330, para os voos internacionais da companhia. Neste aviões, teremos condições de transportar cargas paletizadas, volumes maiores como contêineres. Em geral, a carga que voa é a que tem maior valor agregado e neste semestre, considerada a alta temporada do mercado de cargas, nossa previsão é otimista”, diz Fonseca.

Dario Matsuguma, diretor técnico da TAM Cargo, no entanto, não espera um grande crescimento do setor de cargas no país em 2014. O motivo: retração da economia, que acaba afetando diretamente a movimentação. Mesmo assim, a empresa — que tem na Absa Cargo o seu braço cargueiro como parte do Grupo Latam, além de usar a barriga dos aviões da TAM para transporte — afirma que continua investindo na expansão. Até 2015, quando será aberto um armazém de carga da TAM Cargo, a aérea terá investido R$ 45 milhões no segmento.

Em 2013, inaugurou um grande centro de armazenagem em Manaus, apostando no crescimento do mercado na região. A TAM tem 43% do mercado brasileiro de carga aérea. “Esperamos um final de ano com queda de 10% na movimentação de carga doméstica no país. Mas estamos, sim, mais otimistas no segundo semestre”, diz.

Com informações: Brasil Econômico