Indústria regional vê 2013 com otimismo

Intenção de investimento supera em 5% volume deste ano

As indústrias da região de Campinas fecham 2012 sentindo que o ano poderia ser bem melhor do que foi. Até outubro, foram cortados 4.550 postos de trabalho e as exportações ficaram 8,1% menores. Mas agora é hora de olhar para frente e as perspectivas para 2013 são bem mais otimistas. Um indicativo que revela essa visão positiva é a intenção de investimentos para o próximo ano das indústrias associadas ao Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Regional Campinas: R$ 97,75 milhões. O volume é 5% superior aos recursos empenhados este ano, que chegaram a R$ 93,23 milhões. Embora maior do que em 2012, o montante ainda está bem aquém de 2008, quando foram investidos R$ 430,48 milhões.

Os números coletados na sondagem industrial da entidade revelaram que os industriais estão mais animados, porém mantêm a cautela na hora de projetar o caminhar da economia nacional no próximo ano. Os analistas acreditam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deva chegar a 3% ou 3,5%. Neste ano, os números variam de 0,8% a 1,5%. Os gargalos nacionais de sempre — infraestrutura, alta carga tributária, falta de investimentos em áreas estratégicas, como energia elétrica, juros ainda elevados, excesso de burocracia e o endividamento público — são entraves para uma recuperação mais forte da economia.

No cenário externo, há mais riscos para o País, como a crise na Europa, a lenta recuperação dos Estados Unidos e a avalanche das importações asiáticas e europeias que invade tradicionais mercados compradores de produtos brasileiros na América Latina. O Ciesp apresentou dados de um estudo realizado com as empresas ligadas à entidade sobre o desempenho este ano e as projeções para 2013. O coordenador do curso de Economia da Faculdades de Campinas (Facamp), Rodrigo Sabbatini, afirmou que o Brasil tem um potencial de crescimento da sua economia muito além dos resultados deste ano. “O erro cometido pelo governo no começo do ano passado, ao sinalizar que iria pisar no freio dos investimentos públicos, impactou 2012. As decisões de investimentos são de maturação longa e os industriais apertaram o cinto diante da sinalização do governo”, disse. Ele salientou que este ano a situação foi inversa: o governo adotou medidas para estimular a economia, mas ainda tímidas perto do desafio que o País tem de crescer mais de 5% ao ano para garantir emprego para a população economicamente ativa (PEA). “Comparo a economia a um navio. A desaceleração é gradual e a retomada da aceleração é mais lenta ainda. Eu acredito em um ano de 2013 mais promissor do que 2012, mas não deve ser espetacular como foi 2010”, previu.

Perdas – O diretor-titular do Ciesp- Campinas, José Nunes Filho, afirmou que a perda de postos de trabalho é a consequência mais nefasta do crescimento pífio do País em 2012. “Na região, 4.550 empregos foram perdidos até outubro de 2012. No ano de 2009, foram 5,7 mil demissões. Até o final deste ano, a quantidade pode chegar ou ultrapassar 2009”, disse. Ele lamentou a lentidão da tomada de decisões governamentais para alicerçar o desenvolvimento sustentável do Brasil. “Nós ainda sofremos muito com a falta de infraestrutura, com a corrupção, burocracia, altos impostos, no pagamento da dívida pública e dos juros. A economia brasileira está perdendo espaço. O México está ganhando terreno e logo será a principal economia latino-americana”, disse. Nunes Filho concordou que o cenário de 2013 é mais promissor, mas acrescentou que está longe de atingir a meta do País. “Infelizmente, o Brasil ainda é assolado por muita corrupção. Há gangues em todos os níveis de governo”, afirmou.

Balança Comercial – O diretor de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, disse que o déficit da região até outubro somava US$ 5,7 bilhões. “Mesmo com a mudança do câmbio, as exportações estão caindo. Vários mercados para onde os produtos da região são vendidos estão em declínio. E em outros grandes mercados, como a América do Sul, nós estamos sofrendo uma forte concorrência com produtos asiáticos e europeus”.

Fonte: Correio Popular

 

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