Logística move expansão econômica em Campinas

Valor agregado pelo setor dobrou nos últimos quatro anos em Campinas, e deve crescer mais

O valor agregado pelo setor de logística em Campinas dobrou nos últimos quatro anos e saiu de R$ 807,1 milhões em 2012 para R$ 1,6 bilhão no ano passado. O crescimento da riqueza gerada por esse setor ocorre a partir do início da expansão do Aeroporto Internacional de Viracopos, concedido em 2011, e deve sofrer mais um salto significativo em 2017, com a consolidação de recentes investimentos anunciados para a região do aeroporto em centros de distribuição, hotéis, shoppings e centros de convenções e que somam R$ 2,04 bilhões. O valor agregado pela logística poderia ser maior se o setor de transporte aéreo de carga recolhesse os impostos em Campinas, onde prestam o serviço, e não na sede das empresas.

A Administração já começou a chamar o setor para buscar uma solução. Levantamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico mostra que, entre as várias atividades do setor de logística, que abriga 9.550 empresas, a que mais cresceu no período, 230%, foram as atividades auxiliares dos transportes aéreos. Nelas estão, por exemplo, serviços de guardavolumes em aeroportos, traslado de passageiros dentro dos aeroportos, limpeza de aeronaves, entre outras, que geraram R$ 569,5 milhões em valor agregado no ano passado. O setor, segundo o coordenador do Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes (Lalt) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Orlando Fontes Lima Jr., terá um crescimento significativo nos próximos anos em Campinas, motivado por fatores que incluem a atratividade da cidade e a recente segurança jurídica adquirida pela estabilidade política local, mas também pelo esgotamento da atratividade do centro da macrometrópole e pela impossibilidade de crescimento do aeroporto de Guarulhos em longo prazo. “A tendência é de saturação de Guarulhos por problemas de pista, por não ter para onde expandir, o que não ocorre com Viracopos.

Por isso as grandes operadoras internacionais começam a avaliar Viracopos como local de investimento”, afirmou. A assessora da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Andréa Santos, responsável pela análise dos dados recolhidos pela Secretaria de Finanças, disse que pela importância de Viracopos e do setor de logística, o planejamento do crescimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC) não pode ser feito isoladamente, e nem com as cidades competindo entre si. “Temos que ter um planejamento conjunto, porque todos irão se beneficiar desse desenvolvimento”, afirmou. Campinas, afirmou, percebeu há tempos que se não fizer parte da expansão do aeroporto, do planejamento de seu desenvolvimento, ficará isolada desse processo. “Por isso trabalhamos para criar, naquela região, um novo eixo de desenvolvimento”, afirmou.

Armazéns – Entre os investimentos que devem alavancar o crescimento do setor já em 2017 estão a construção de armazéns logísticos pela SDI Logística, um empreendimento de cerca de R$ 100 milhões que abrigará, em 46,6 mil metros quadrados de construção, empresas do setor de saúde animal, tecnologia, distribuição. Outro empreendimento em implantação é o Porto Seco, que está sendo instalado pela Libra Logística, com investimento de R$ 20 milhões em 10 mil metros de área e 20 docas. A Libra prevê investir, nos próximos três anos, mais R$ 70 milhões que gerarão 100 empregos diretos. Um grande investimento, de cerca de R$ 1,7 bilhão, é o parque corporativo de uso misto da Bresco Investimentos, com cerca de 1 milhão de metros quadrados, vizinho a Viracopos. Esse parque contará com galpões para indústria e logística, escritórios, centros de treinamento, imóveis de alta tecnologia de varejo e o Hotel Ramada. Já estão em operação, no local, o Centro de Treinamento da Azul Linhas Aéreas, que foi construído com área de aproximadamente 7 mil m² e o Centro de Distribuição da John Deere com 76 mil m².

Fatia na geração de riquezas deve ser de 20% até 2042 – A logística responde atualmente por 4% da riqueza gerada em Campinas pelo setor produtivo. A meta é que essa participação chegue a 20% em 2042, fim da última fase da expansão do Aeroporto Internacional de Viracopos. É um setor, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Samuel Rossilho, que tem muito espaço para crescer e para alavancar a expansão imobiliária no entorno do aeroporto. Além disso, o potencial de crescimento de receita tributária é grande. A logística gerou, no ano passado, uma receita de R$ 71,5 milhões em Imposto Sobre Serviços (ISS) para Campinas. Viracopos tem alguns gargalos, como na área de importação de fármacos, provocado pela morosidade da liberação. Rossilho disse que Prefeitura, Viracopos, Ciesp e Anvisa estão trabalhando em um projeto para a modernização para que os fármacos cheguem a Viracopos pré-liberados. “A indústria farmacêutica tem potencial muito grande para crescer na região, mas precisa que as liberações de mercadorias sejam ágeis”, afirmou. O que se espera a partir da expansão de Viracopos, disse, é a consolidação do maior e melhor aeroporto do Hemisfério Sul, de um hub aéreo continental, a operação de um aeroporto indústria, um aeroporto com quatro pistas atendendo 80 milhões de passageiros ao ano, a geração de 300 mil empregos diretos e indiretos, a formação de polo de turismo de negócios e lazer.

Fonte: Correio Popular