Movimentação de navios, trens e caminhões de carga segue normal no país, mas NTC alerta que transporte rodoviário de carga recuou 26% em dez dias

Ministros da Agricultura de diversos países da América do Sul participaram na última terça-feira, 23, a convite da ministra brasileira Tereza Cristina, de uma videoconferência para debater a harmonização de normas e garantir a fluidez do trânsito de mercadorias e o abastecimento de alimentos na região durante a pandemia do coronavírus. Será elaborado um documento com protocolos para garantir o livre tráfego do transporte rodoviário de cargas entre os países.

Todos os ministros afirmaram que o fechamento de fronteiras rodoviárias para passageiros de outros países não se estende aos motoristas que transportam cargas agropecuárias. “Temos a grande responsabilidade de garantir o abastecimento e a manutenção das cadeias de alimentos, do produtor até o consumidor final”, disse Tereza Cristina.

Já em países da Europa e Ásia, há navios esperando até 14 dias para atracar. A Organização Marítima Internacional (IMO) informou que a situação pode melhorar nesta semana com a proibição das embarcações com passageiros, já que as empresas vão se concentrar nas cargas. Além disso, conta a favor o fato de a China estar retomando os trabalhos nos portos. Por lá, a epidemia do coronavírus perde força a cada dia desde terça–feira passada, 17. Ainda assim, a OMI pede que importadores e exportadores prestem atenção ao comercializar cargas para evitar prejuízos com os navios parados.

Brasil – Aqui no Brasil, o Porto de Santos, o principal do país, informou por meio de boletim divulgado nesta terça que opera normalmente. A movimentação de navios, trens e caminhões ocorre sem qualquer restrição. Os trabalhadores passaram por adaptações de acordo com os critérios estabelecidos pelas autoridades de saúde.

De acordo com Francis Censi, gerente de Logística Agropecuária da Seara, o compromisso dos caminhoneiros com o transporte de cargas continua durante a epidemia do coronavírus. “Está prevalecendo o bom senso. Não há restrições e o transporte flui normalmente no país. Os transportadores de logística agropecuária trabalham exclusivamente para as empresas integradoras fazendo o transporte dos animais e do alimento dos animais de maneira rotineira, são frotas dedicadas.

O abastecimento dos animais e também da população não pode ser interrompido. Produzir e distribuir alimentos é essencial para promover a proteção à vida. Os motoristas são agentes que precisam se manter firmes, protegendo sua saúde e das pessoas que estão próximas para poder efetuar sua tarefa tão nobre de maneira consistente e sem riscos. Distribuímos cartilhas com informações e também kits de higiene pessoal.

A cada carga e descarga, reforçamos que devem lavar as mãos e evitar contato físico, e pedimos que as cabines dos veículos sejam lugares ainda mais seguros. A manopla de marcha, o volante e os botões devem ser higienizados sempre que possível”, disse Censi.


Transporte de Carga – O volume de transporte rodoviário de carga (TRC) no Brasil recuou 26,14% em dez dias. É o que aponta um levantamento feito pela …

O volume de transporte rodoviário de carga (TRC) no Brasil recuou 26,14% em dez dias. É o que aponta um levantamento feito pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) com 600 transportadoras brasileiras.

O objetivo é monitorar o impacto da quarentena imposta pela pandemia do coronavírus. Foram ouvidas empresas de pequeno, médio e grande porte. O levantamento foi realizado entre segunda-feira (23) e terça-feira (24).

Esse é o primeiro estudo que realizamos desde que a doença chegou ao País”, afirma o assessor-técnico da NTC&Logística, Lauro Valdivia, responsável pelo levantamento. “A intenção é ouvir as transportadoras uma vez por semana para monitorar e ajudar o setor a avaliar o impacto nos negócios das empresas e na economia.”

A indústria é o setor mais afetado pela quarentena. O segmento que apresentou o maior recuo no volume de carga transportada foi o de embalagens plásticas. A queda foi de 55,36%, de acordo com a apuração da NTC&Logística.

Em seguida vêm o setor eletro-eletrônico, com recuo de 46,50%. A queda no volume de transporte de produtos e equipamentos para a indústria automotiva foi de 37,62%.

O setor com menor queda foi a indústria química, com recuo de 7,96%. O agronegócio e a indústria alimentícia (produtos não refrigerados) tiveram retração de, respectivamente, 11,50% e 16,21%.

O único setor com aumento no volume de carga transportada foi o farmacêutico. O levantamento da NTC&Logística aponta alta de 0,84% nos últimos dez dias.

Valdivia avalia que, mesmo com a tendência de aumento na busca por alimentos e produtos farmacêuticos em um momento como o de pandemia, o consumidor está segurando as economias. “Isso explica o fato de até as mercadorias essenciais sofrerem retração de consumo num momento como este”.

Presidente da NTC&Logística, Francisco Pelúcio diz que se a letargia econômica se estender por muito tempo, o País entrará em colapso. “Os embarcadores operam com prazo de faturamento de, em média, 30 a 45 dias. Mas já há embarcadores pedindo 90 dias para acertar as contas com as transportadoras.”

Para minimizar as perdas e viabilizar o setor, a entidade está solicitando a liberação de uma linha de crédito ao Ministério da Economia. “Temos que retomar os negócios. A indústria não pode parar.”

Pelúcio afirma ainda que o setor vem orientando os profissionais acerca da prevenção e dos riscos envolvendo o coronavírus. “Cada empresário está cuidando dos seus colaboradores e motoristas.”