“Não podemos parar tudo a cada crise”, defende líder da FIESP em Congresso MPI

Luiza Trajano (Magazine Luiza), lembra gráfico de “montanha russa” do PIB à cada crise e à cada retomada desde 1980

“Não podemos parar tudo a cada crise”, disse Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp, neste início de semana, na abertura do segundo dia do 13º Congresso da Micro, Pequena e Média Indústria (MPI) da Fiesp. “Temos que acreditar que essas coisas passam. Todos nós temos a garra e a vontade de vencer”, disse, referindo-se às dificuldades geradas pela paralisação de caminhoneiros.

Apesar de todas as dificuldades, ressaltou, foi possível manter a agenda da Fiesp, do Sesi-SP e do Senai-SP, incluindo o próprio congresso e a inauguração de escolas.

“Não podemos parar. Temos que olhar sempre o futuro, administrando as dificuldades do presente”, afirmou. “O Brasil não merece estas dificuldades. Precisamos de sossego para o empreendedorismo. O Brasil precisa de paz e de equilíbrio. As sucessivas crises têm sido o nosso mundo, e é hora de sair deste clima para um de harmonia, de paz, de prosperidade, de trabalho”.

O Brasil, disse, tem o potencial para vencer as dificuldades, pela qualidade de seu povo, de seus empreendedores, de seus trabalhadores.

Foco na venda – Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza, disse na abertura do 13º Congresso MPI que o que o empreendedor mais precisa é conhecimento e defendeu o trabalho conjunto para ajudá-lo a encontrar o que precisa na hora certa. “Há muita coisa boa no Brasil, mas fica cada um no seu mundinho”.

“Fui pequena, destacou”. “Sou apaixonada pelas pequenas e micro. Quem gera emprego não é a grande. É a pequena”, disse, sob aplausos. A cada momento elas precisam de coisas diferentes, afirmou.

Em sua aula magna Luiza Helena Trajano relatou o nascimento do Magazine Luiza em Franca. A ideia de sua tia 60 anos atrás foi criar empregos para sua família, explicou. O nome da loja foi escolhido pela população num concurso de rádio.

“Tem gente que adora problema”, disse. “Quando não tem, inventa um. Fui criada com cabeça de solução, e criei meus filhos assim”. Exibiu a verdadeira montanha-russa representada pelo gráfico da variação do PIB brasileiro entre 1980 e 2016, devido a crises e planos de recuperação da economia. A lição tirada delas por Luiza é que tudo tem solução.

Deu como conselho para os empreendedores a formalização, que, disse, foi muito importante no crescimento do Magazine Luiza. O segundo conselho foi não sangrar a empresa. “Falta de lucro não quebra uma empresa, mas fluxo de caixa sim”. É preciso, disse, separar as contas do empreendedor e da empresa. Fluxo de caixa tem que estar todo dia na mão, aconselhou.

O terceiro acerto foi fazer o ganha-ganha. Quando percebeu que o lucro no financiamento dos clientes era maior que o lucro mercantil, tornou-se sócia de uma financeira, dividindo com ela os lucros da loja, mas conseguindo crescer, disse.

Loja física não vai acabar, afirmou. Só que é preciso fazer venda online. “Não inventamos muita moda. A gente foca no que é bom para o cliente”. Disse que a equipe foi treinada por três anos, tornando possível manter uma plataforma única. A empresa tem laboratórios, desenvolvendo toda a plataforma. É uma empresa digital com calor humano, afirmou.

Atendimento e inovação são a chave para uma empresa seguir em frente. “O que faz o profissional é o conhecimento e fazer acontecer”, disse Luiza. “Para fazer acontecer, é preciso ter foco. “Não sou futurista, sou “agorista”, resolvo na hora”, afirmou, lembrando que startup também não tem grandes planos estratégicos.

A gente sempre experimenta, disse, dando como exemplo a criação em 1991, antes da disseminação da internet, de pequenas lojas virtuais, com mostruário de produtos via vídeo. “O digital para o pequeno e para o médio foi a melhor coisa que aconteceu. Queria ser pequena agora. Iria brincar com isso”.

“Foca na venda”, recomendou Luiza, exibindo vídeo de campanha com o mesmo mote criada pelo Magazine Luiza para superar a crise de 2015. Criticou a burocracia e defendeu a atuação da sociedade para levar a sua redução.