O cenário pós-covid para o comércio exterior e a logística, segundo o próprio mercado

Confira uma amostra de depoimentos de embarcadores no Brasil como Bosch e Commscope, prestadores de serviços como Atuali Comex, Haidar, RGNLog e TCEX, além de CLIAS, Consultores e Entidades como CIESP e SINDASP

Mesmo sem conseguir cravar a data precisa para o fim da pandemia do novo coronavírus, o Brasil já se movimenta para buscar soluções no futuro.

Um dos grandes economistas e digital influencer da América Latina, Ricardo Amorim, identifica uma luz no fim do túnel. “A velocidade da retomada da economia dependerá do tempo com que se acabe com a doença. Será muito rápida ou mais lenta, ou seja, levará meses ou trimestres, de acordo com esse fim. É um falso dilema combater a economia ou salvar vidas. Precisamos cuidar das duas coisas em paralelo”, afirma Amorim.

Compreendendo os impactos no cenário do comércio exterior, já surgem também algumas propostas emergenciais no auxílio às empresas no Brasil.

O fim da quarentena deve ser marcado pela retomada em escala global do comércio internacional, pois muitas empresas tiveram que suspender ou diminuir suas operações no período.

O comércio exterior representa uma ferramenta fundamental para acelerar o crescimento econômico e melhorar a produtividade e a competitividade da indústria produtora. Certamente ele será um dos vetores para a retomada, após o fim da pandemia provocada pelo Covid-19.

 

O que pensam os executivos do mercado de COMEX e Logística?

O Portal LogNews buscou alguns players do mercado que trazem aqui sua contribuição. Confira:

 

ENTIDADES

Os impactos causados pelo Covid 19 na economia brasileira  são incalculáveis,  setores como de hotelaria, eventos, turismo e industrias de vários setores terão grandes dificuldades de recuperação, será necessário repensarem suas atividades e até a continuidade de seus negócios.  Estamos iniciando um novo tempo, a era digital se consolidou,  as relações comerciais terão que ser revistas, o e-commerce está fortalecido e os processos estão mais ágeis e menos burocráticos.

Com esta nova realidade de mercado,  as relações comerciais no Comercio Exterior também mudarão. As relações internacionais serão mais tensas, países adotarão medidas restritivas para proteger seu mercado interno, irão trabalhar no sentido inverso até então, retornar com os processos produtivos que foram expatriados para reduzir drasticamente a dependência do mercado asiático para o abastecimento, de máquinas, equipamentos, produtos manufaturados e determinados insumos.  Porém temos pontos positivos para o Brasil no Comercio Exterior  o setor de AGRONEGOCIO sai fortalecido, temos os melhores e mais modernos sistemas do mundo de gestão deste segmento, sendo o único país a ter três safras seremos agora literalmente o celeiro do mundo.

O principal gargalo do Brasil nos últimos anos é a logística e os processos burocráticos envolvidos nas operações de COMEX e, finalmente, nestes últimos 2 meses, para atender a demanda de insumos e produtos necessários ao combate da pandemia, estão sendo modernizados. Como há muito tempo cobrado pelo mercado, hoje temos fortes investimentos direcionados para a infraestrutura, modernização de estradas, construção e ampliação de armazéns. No setor aduaneiro, os processos foram e ainda estão sendo implantados procedimentos que reduzem em muito os tempos de liberação, destacamos alguns, a aceitação digital dos documentos exigidos pelos órgãos intervenientes na exportação e importação a conferência das mercadorias por sistemas virtuais,  possibilidade de retirada da mercadoria antes do fim da conclusão da conferência aduaneira o registro antecipado da DI.

Estes procedimentos vieram para ficar e ainda serão ampliados,  com certeza apesar de toda  a crise gerada, tivemos um grande ponto positivo,  O INICIO DA MODERNIZAÇÃO DOS PROCESSOS OPERACIONAIS DE COMERCIO EXTERIOR NO BRASIL, que vinham caminhando em muita marcha lenta.

Anselmo Riso – Diretor de Comércio Exterior do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo)

 

“Assim como em todos os segmentos, para o comércio exterior brasileiro, extremamente afetado, não é possível mensurar o prejuízo causado à nossa categoria, por sua vez autônoma. Ainda é tudo muito novo e sem previsão para um diagnóstico. Os números que temos foram os divulgados pela OMC. O documento da Organização Mundial do Comércio destaca que o comércio global deve cair entre 13% e 32% por conta do coronavírus e a recuperação deve ocorrer já em 2021, podendo variar o avanço de 21% a 24%, também de acordo com a OMC. Temos habilidade e competência para junto dos exportadores e importadores superarmos este momento difícil”.

Marcos Farneze – Presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de São Paulo (SINDASP)

 

 

 

EMBARCADORES

“Quanto à logística, teremos pela frente desafios e vários ajustes necessários, seja nos embarques aéreos quanto nos marítimos, e principalmente relacionados a custos e prazos. Já temos observado uma forte pressão de aumento de custos e falta de espaço nas aeronaves, nas quais muitas vezes só conseguimos embarcar nossas cargas mediante um acréscimo expressivo no frete. Percebemos que isso deverá perdurar por um bom tempo ainda. Na área de COMEX, temos observado cada vez mais a expansão dos serviços de telecomunicações e a introdução de novas tecnologias (rede 5G) que auxiliarão o campo da Medicina permitindo conexões mais velozes e estáveis, garantindo até mesmo o acompanhamento e execução de cirurgias mais complexas de forma remota. Haverá, portanto, um fluxo expressivo de aquisição de novos insumos e equipamentos para o nosso país”.

Sérgio Abbá – Procurement and Logistic Manager at Commscope Cabos do Brasil

 

 

 

“Situações como o do Covid-19 fazem com se questione todo o status quo, ou seja, empresas irão reavaliar, por exemplo, se suas estratégias de suprimento, gestão de riscos e planos de contingência são suficientemente robustas para lidar com situações como a que estamos vivendo. Também haverá um grande impacto no âmbito social e pessoal para a maioria das pessoas. Temas que estavam muito em pauta como flexibilização das formas de trabalho e ensino foram forçadamente alteradas de uma hora para a outra com resultados muitas vezes bastante positivos. E ainda, em vários outros aspectos, haverá discussões sobre como devemos nos organizar como sociedade pós-Covid-19. Passada a dor e todos os impactos negativos, deve-se aproveitar esse evento como uma grande oportunidade e alavancador de mudanças”.

Daniel Zurrom – Logistics Transport – Latin America – Robert Bosch

 

 

 

 

PLAYERS DE SERVIÇOS

Um novo “normal” será implementado… as empresas e o mercado de forma geral passarão por significativas mudanças e comportamentos. Processos e conceitos serão revistos e projetos que possuíam um prazo mais dilatado com certeza serão antecipados. Não será um movimento exclusivo do setor Privado no meu entendimento. Acredito que Órgãos Públicos também passarão por significativas mudanças e aperfeiçoamentos.

Bruno Barbosa – diretor do CLIA LibraPort Campinas

 

 

 

 

 

 

“Essa é a grande pergunta que a humanidade tem se feito nos últimos dias e a dificuldade da resposta passa por diversos fatores. Pela emergência causada em função da surpresa, rapidez do contagio e os efeitos causado pelo Covi-19, o comercio exterior brasileiro tem tido mudanças diárias com relação a legislações, operações logísticas e flexibilização de processos e procedimentos. Verificamos que muitos desses processos são importantes e seguros não apenas do ponto de vista da saúde, mas da eficiência, segurança, redução de tempo e custo, podendo gerar a previsibilidade que tanto precisamos do COMEX brasileiro. Sendo assim, muitas das mudanças que já estavam previstas para os próximos anos poderão ter a sua implementação de uma forma muito mais rápida. Quem sai ganhando somos todos nós, operadores do COMEX brasileiro, além de cidadãos que utilizam produtos e serviços globais”.

Elson Isayama – CEO da TCEX Logística

 

 

 

“Dias difíceis, mas não impossíveis de serem superados. Teremos uma retomada menos acelerada, porém com determinação, organização e compromisso com o Brasil, atingiremos a estabilidade econômica a partir de outubro, proporcionando a manutenção dos empregos em nossa área. Independentemente de quem esteja no poder, o mundo empresarial já se acostumou a “se virar” sem a ajuda das autoridades e, desta vez, não será diferente. Criatividade, planejamento e trabalho e sem politização!”.

Felipe Haidar – CEO da Haidar Transportes e Logística

 

 

 

 

 

 

“A Atuali se preparou antecipadamente à quarentena adequando sua estrutura para atendimento home office. Não era o suficiente, pois tínhamos que manter o nosso propósito vivo no mercado e nas pessoas. Com isso, lançamos digitalmente uma série de palestras gratuitas abordando temas do comércio exterior. Um deles foi sobre a retomada após a pandemia. Temos em nossa estratégia e em nossos corações, a certeza de que o nosso segmento será um dos primeiros a se recuperar. A logística será uma ferramenta importante nessa retomada e teremos que nos adaptar as mudanças, investir em tecnologia e entender as necessidades que surgirão”.

 Paulo Vitor – CEO da Atuali Comex / São José dos Campos (SP)

 

 

 

 

 

“Recentemente li uma mensagem muita antiga que dizia que “na vida quem perde parte do telhado ganha as estrelas para admirar”. Às vezes, você perde o que não queria, mas conquista o que nunca imaginou. Com o isolamento, estamos tendo a oportunidade de repensar nossa família, nossa segurança pessoal, saúde e adquirir novos hábitos com serenidade e sabedoria. Estou muito animado, pois nunca vi tanta gente importante, nem tantas mentes brilhantes trabalhando e pesquisando juntos para um remédio que ajude a vida ou uma vacina que possa atender à população. Que Deus abençoe nossos profissionais de todas as áreas essenciais como a logística, aos nossos amigos e a nossa família. Que lhes traga paz, amor, harmonia, compaixão, felicidades e muita solidariedade Vamos sair diferentes, mas vamos sair sim”.

Nelson Fernandes Junior – Consultor, Conselheiro e CEO da RGNLOG