Para Grupo Martins “pandemia faz frete da China ser o mais alto da história”

A pandemia do Coronavírus provocou o maior aumento já visto na história dos fretes para transporte de carga entre Brasil e China. Por conta das festas de fim de ano os fretes sempre tiveram majoração chamada de General Rate Increase (GRI), que os armadores relacionam com a época do ano, a Peak Season. Esse aumento começa gradativo entre setembro e outubro, e normalmente vai até o Ano Novo Chinês, em meados de fevereiro. Os fretes sempre ficaram mais caro nessa época do ano, mas o que se tem visto são os preços nas alturas.

Com a Covid-19, houve uma redução da oferta de navios e um desequilíbrio no fluxo da frota de containers, ou seja, menos espaço e falta de equipamentos onde era necessário para muita demanda, reprimida durante os períodos em que o mundo intensificou lockdowns e  distanciamento social. Reflexo disso foi uma demanda reprimida que explodiu e os preços dos fretes tiveram uma subida acelerada em pouco tempo.

Para se ter uma ideia, trazer hoje um container da Ásia, em especial da China, custa entre USD 9 mil e USD 9,5 mil. Há um ano, antes da pandemia, esses valores eram significativamente menores, entre USD 800 e USD 1 mil. Isso representa dez vezes mais caro do que um ano atrás, e ainda não há espaço disponível para pelo menos duas ou três semanas à frente, o que era inimaginável pensar nesse cenário há alguns meses.

Aliado a isso, outro fator dificultador para a vida de importadores foi a forte desvalorização do real, que perdeu 28% do seu valor perante o dólar desde 31 de dezembro de 2019. A moeda americana é vendida atualmente a R$ 5,50 no comercial e R$ 5,80 no turismo, aproximadamente.

Segundo Marco Aurélio, gerente de agenciamento de carga e frete internacional do Grupo Martins, a tendência é de queda dos preços do frete para a Ásia, após o feriado chinês. “Minha percepção é que depois de fevereiro esses preços devem começar a cair um pouco. Principalmente porque os importadores podem tentar buscar outros mercados com fretes mais competitivos enquanto a temperatura estiver alta na China, além da diminuição no volume em especial de mercadorias que fiquem com preços impraticáveis para o consumo baseado na combinação frete alto e cambio alto. Esta pode ser a formula para os preços dos fretes dá a Ásia ficarem mais em conta”, prevê o executivo.

Outro aspecto que poucos perceberam é a incidência sobre esses valores do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), de 25 % sobre o valor do frete, ou seja, em um ano passou de uma média de USD 250,00 para próximo de USD 2.500,00.