Perspectivas 2020: o aumento na importação de máquinas para a indústria em 2019 aponta para o crescimento do Brasil neste ano

Falando ainda do futuro das importações e exportações, qual a sua expectativa de movimentação para 2020?

MARCELO MOTA – Boa pergunta. Nós estamos esperando até uma perspectiva melhor em 2020. A gente crê que, de fato, tanto a economia brasileira, que é um impulsionador do negócio de importações de cargas, melhore com as reformas que estão acontecendo e diversas outras correções de rumos aqui dentro e a própria economia mundial a gente esperava que, apesar de tudo isso, tenha uma melhoria. Mas o ano começou quase que nos desmentindo com relação a isso, porque toda essa crise no Iraque, no Irã e nos Estados Unidos ela, de fato, cria uma incerteza muito grande para o ano. Se não acontecer nada, acho que o ano vai, mas, se tem uma guerra regional, o mercado como um todo vai desacelerar, se tiver alta no preço do petróleo, oscilação do dólar…tudo isso é o que influencia os grandes parâmetros que afetam o comércio mundial. Em movimentação de carga, a gente ainda imaginava, até pela questão de que temos sido procurados, e fomos procurados, no finalzinho do ano por várias empresas cargueiras. Conseguimos, inclusive, implementar várias rotas cargueiras aqui em Viracopos do segundo semestre para cá. A Korean, Qatar, Cargo, Latam…então a gente estava vendo um interesse do sudeste asiático em abrir novas rotas pro Brasil e em Viracopos tivemos várias negociações com empresas chinesas pra poder incrementar o comércio China Brasil. Então mesmo com esse crescimento mundial não crescer, a gente começou a ver que o fluxo total não muda, mas o interesse em trazer carga para o Brasil… A gente vê que o aeroporto, o terminal de cargas, é um termômetro tanto da economia mundial quanto nacional. Isso a gente viu agora. Se você não consegue fazer comércio aqui, a gente busca outros mercados, porque tem que continuar produzindo e vendendo. Então houve um aumento de interesse bem grande nesse segundo semestre. E mesmo na indústria nacional, como disso da expectativa dos empresários é de que o brasil melhore em 2020, a gente começou a ver inclusive uma mudança na carga. Isso aconteceu uma vez nesse período aí e começou a acontecer novamente agora, em que os produtos que estão sendo importados tem muita coisa que ou é o produto final ou o insumo para as linhas de produção. E a gente começou a ver um aumento do que a gente chama da indústria de base, numa importação de maquinário, o que significa que os empresários estão querendo aumentar sua linha de produção. Isso também foi importante. Isso aconteceu no segundo semestre de 2019 e nos últimos 7 anos só tinha acontecido uma única vez. Começou a acontecer novamente no final de 2019. Isso mostra claramente pelo menos uma expectativa de um crescimento da indústria brasileira. Então quando você vê que estão comprando matéria prima para fazer produto ou produto acabado para vender no mercado brasileiro é uma coisa, mas quando você vem um aumento de maquinário é sinal de expectativa de que a produção brasileira aumente.

Quais são as estratégias de Viracopos e quais são as projeções para 2020?

MARCELO MOTA – Lógico que a gente faz projeções, mas é aquela coisa interna. Por exemplo, eu acho que a gente consegue ir bem em importação e maquinário, aí dá um problema desses (Conflito no Oriente Médio à época da entrevista, porém já pacificado) e para tudo. Então é muito incerto. É óbvio que a gente tem que planejar, e a gente tem algumas estratégias e até listo algumas coisas aqui: a gente quer buscar esse mercado em expansão na Ásia, na África, então a gente tem feito discussões com empresas desses países, como por exemplo “olha essa oportunidade aqui”, tudo bem você não vai aumentar, mas, por exemplo, nessa linha farmacêutica ou nessa linha de alimentos, “você tem uma produção ai na África desse determinado produto, por que você não olha o mercado brasileiro?”. Então a gente faz esse tipo de negociação, lógico, mas toda atividade comercial você planta 10 sementes para colher uma, mas, se você não faz o esforço de identificação das oportunidades…não adianta só vender o aeroporto. Uma coisa na nossa política comercial que a gente faz é que a gente faz muita propaganda da infraestrutura do terminal de cargas de Viracopos que é, eu diria, inigualável no Brasil. Premiada, processos, infraestrutura…outros aeroportos têm essas infraestruturas também mas Viracopos tem todo esse conjunto: infraestrutura, processos, premiação, logística, localização estratégica no Triângulo Dourado brasileiro; o núcleo da indústria brasileira, o núcleo de serviços também tá aqui nessa região; as condições climáticas também: o aeroporto quase nunca fecha, a gente divulga isso também, que a gente fecha 6h por ano e outros aeroportos fecham 6h por fim de semana.

E todo esse conjunto faz com que Viracopos seja um aeroporto com diferencial competitivo. Então a gente faz propaganda disso, mas a gente aproveita as oportunidades também, a gente tá sempre procurando identificar. Porque não adianta dizer que o aeroporto é bom, o de Miami também é bom, o de Guarulhos também é bom, mas a gente procura ver essas oportunidades. Isso aqui pode ser uma oportunidade: “ isso aqui pode ser uma porta de entrada com um produto chinês”, “Aqui no Brasil tem um consumo de eletrônicos nesse nível, então porque você não procura”. Lógico, muita empresa já faz essa análise de onde pode ter um mercado, mas as vezes em uma conversa dessas você gera interesse e cria um – isso também é uma coisa que a gente faz: a gente busca esses novos mercados, mostrando não só as infraestruturas como também as oportunidades de negócios que eles podem ter no Brasil e, principalmente, na região.

Isso é feito em parceria com alguma outra entidade?

MARCELO MOTA A gente envolve muito o CIESP, envolve muito a própria prefeitura de Campinas, tivemos diversos contatos na Ásia com a parceria da prefeitura, então a gente procura trazer esse mercado. A gente é um elo da cadeia logística, mas quando a gente combina os fluxos com o mercado a coisa fica bem mais forte e poderoso do que a gente sozinho. A gente entende que somos um elo extremamente importante do sistema logístico.

Empilhadeiras – No mais, tem sido assim, investimento em modernização de equipamentos, além de tudo que a gente fez no complexo frigorífico, a gente está também comprando empilhadeiras novas, trocando as empilhadeiras. Fizemos uma compra agora, no último mês de 2019, de 10 novas empilhadeiras e vamos comprar provavelmente mais 8 ou 10 no próximo mês, então a gente está fazendo uma renovação também do parque de equipamentos para maior agilidade, para maior segurança do trâmite da carga.