Transporte de carga impulsiona o setor ao aéreo e abre espaço para Vale do Paraíba

“O aeroporto de São José dos Campos, no Vale do Paraíba paulista, pode ser uma boa aposta para o futuro do transporte aéreo de cargas no Brasil”, avalia técnico

O transporte aéreo de carga na América Latina deve triplicar em duas décadas, ao crescer em média 6% ao ano, de acordo com estimativas da fabricante americana de aeronaves Boeing. Perspectivas como esta levaram a Korean Air Lines a anunciar ontem que estuda a construção de um centro no Brasil para sua rede de transporte de carga (a companhia sul-coreana é a segunda maior transportadora aérea de carga do planeta). Também a Emirates SkyCargo, divisão da Emirates Airline, aumentou sua operação na América do Sul para atender à demanda de condução aérea de cargas entre Argentina, Brasil e os Emirados Árabes Unidos.

São exemplos do que aguarda a atividade no País em 2012 e nos próximos anos: expansão acentuada (ainda que partindo de uma base baixa) e disseminação pelo território, atendendo ao surgimento de um forte setor agroexportador no nordeste e à progressiva dispersão de indústrias como a automobilística (antes concentrada em São Paulo) e da tecnologia da informação – grandes usuárias deste modal de transporte. “Apostamos em um crescimento entre 12% e 15% no volume nacional de carga aérea em 2012″, conta Maria Fan, gerente-geral da Azul Cargo. 



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Já em 2011 o volume de carga doméstica carregada por aviões no Brasil foi de quase 700 mil toneladas, frente às 600 mil toneladas de 2010″, diz ela. “Isto representou crescimento da atividade de 15% no ano passado, não obstante o Produto Interno Bruto (PIB) do País ter se expandido cerca de 3% apenas, no período.”

Carlos Figueiredo, diretor de Cargas da Gollog (braço da Gol para essa atividade) vai na mesma linha: “A Gollog tem crescido em ritmo acelerado. Nos últimos dois anos nos expandimos acima de 50%, bastante alavancados pelo desempenho das encomendas expressas”. E ele prevê: “Em 2011 nosso crescimento foi de 17% e esperamos que 2012 acompanhe este ritmo. Quando falamos no mercado de encomendas expressas, a Gollog cresceu 56% o ano passado quando comparado com nosso desempenho em 2010 neste segmento específico.”

Aeroporto de São José dos Campos – O transporte aéreo de cargas é interessante para produtos de alto valor agregado e que necessitam urgência, tais como itens eletrônicos mais caros (celulares, computadores), bens industriais (microprocessadores, circuitos eletrônicos), vacinas, flores e frutas perecíveis, remédios etc.

Para Anderson Ribeiro Correia, coordenador da pós-graduação em Engenharia Aeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e que já fez parte da superintendência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a atividade no Brasil terá novidades: ” O aeroporto de São José dos Campos, no Vale do Paraíba paulista, pode ser uma boa aposta para o futuro do transporte aéreo de cargas no Brasil”, comentou.

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Os principais aeroportos nacionais para carga são Viracopos, em Campinas [SP], Cumbica, em Guarulhos [SP] e Manaus [este por conta da Zona Franca]. Viracopos trabalha muito com cargueiros puros, ao passo que Cumbica recebe mais aviões internacionais de passageiros que carregam produtos em seus porões.” Alguns percalços enfrentados pela atividade no País, diz ele, foram a quebra de várias empresas aéreas (Varig, Vasp) e a ausência de um grande operador logístico no ramo. Além disto, nossa pauta de exportações ainda é muito caracterizada por commodities: ferro e grãos, exportadas via marítima.

Preços agressivos –  A TAM Cargo é o braço da empresa da família Amaro para o setor. Ela comemora bons resultados: “Em 2011 transportamos quase 119 mil toneladas no mercado doméstico e quase 114 mil toneladas no mercado internacional, um crescimento de 2,3% e 8,3%, respectivamente, sobre 2010”, conta Euzébio Angelotti, diretor de Cargas da empresa. Ele observa: “O transporte aéreo de cargas cresce substancialmente a cada ano. Cada vez mais as empresas e as pessoas físicas usam os serviços de cargas expressas para destinos nacionais e visando um atendimento diferenciado nos internacionais”.

Player global que atua no Brasil, a Lufthansa Cargo é a maior empresa do setor na Alemanha. A companhia transportou em 2011 em todo o mundo cerca de 1,9 milhão de toneladas de carga e correio, um aumento de 5% sobre 2010. Eduardo Faria, diretor regional de Vendas da empresa, traz uma visão da atividade fora do Brasil: “A grande oferta de capacidade de carga aérea tem gerado competitividade e preços agressivos no exterior, tanto nos Estados Unidos como na Europa”.

Um adendo curioso é que, muitas vezes, aviões de carga são usados para a locomoção de seres vivos: “Desde 2009 a TAM Cargo já transportou mais de 700 animais, como cascavéis, capivaras, pinguins, pássaros, pôneis, um lobo- -marinho, uma tigresa, gaivotas e uma fêmea do urso de óculos, espécie rara da América do Sul”, conta Angelotti.

FONTE: Com informações do DCI

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