Vendas externas de calçados crescem 65,2% em volume e 44,4% em receita em julho, diz Abicalçados

O mês de julho registrou o embarque de 7,9 milhões de pares que geraram US$ 84,35 milhões, incrementos de 65,2% em volume e de 44,4% em dólares no comparativo com o mesmo mês do ano passado. Com isso, a soma dos sete meses do ano chegou a 65 milhões de pares e US$ 565 milhões, altas 8,2% em volume e de 3,6% em receita no comparativo com período correspondente de 2018.

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressalta que o resultado foi puxado, especialmente, pelos Estados Unidos, principal destino dos calçados verde-amarelos no exterior. Recentemente, o presidente americano, Donald Trump, anunciou o aumento na tarifa de importação de calçados provenientes da China em 10%, passando da média geral de 17,3% para 27,3%.

Apesar de a lista ainda estar em análise no Congresso dos Estados Unidos, importadores locais de calçados asiáticos já se movimentam para buscar fornecedores alternativos, caso dos brasileiros. “Hoje somos o maior fabricante de calçados fora da Ásia. Evidentemente, essa guerra comercial terá um efeito no setor”, avalia Ferreira.

Por outro lado, ele avalia que a medida de Trump abriu espaço para uma guerra cambial, com a maior desvalorização do Yuan – moeda chinesa – em uma década, o que tem por objetivo compensar as tarifas elevadas. Em julho, as exportações brasileiras para os Estados Unidos chegaram a 757,4 mil pares, que geraram US$ 18,52 milhões, com altas de 96,6% em volume e de 79% em receita em relação ao mesmo mês de 2018.

Com o resultado, nos sete meses, as exportações para os Estados Unidos somaram 7 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 119,74 milhões, incrementos de 33,3% em pares e de 40% em dólares em relação ao mesmo período do ano passado.

Se por um lado as exportações para os Estados Unidos andam de vento em popa, o mesmo não vale para o segundo destino dos embarques brasileiros. Em julho, a Argentina importou 11,1% menos em receita do que no mesmo mês de 2018, alcançando US$ 10,23 milhões. Em pares, porém, o resultado foi positivo em 21,4%, o que aponta para compras de produtos de menor valor agregado no período. Em julho, os argentinos compraram 1,17 milhão de pares brasileiros.

Com o resultado, na soma dos sete meses, os argentinos importaram 4,64 milhões de pares por US$ 54,73 milhões, quedas de 28,5% e de 37,8%, respectivamente, em relação ao período correspondente do ano passado.

“A situação da Argentina é complicada, tanto no ambiente doméstico, com queda brusca na demanda e inflação galopante, quanto no exterior, com a necessidade imposta pelo FMI de preservação das suas reservas internacionais, o que inibe importações de qualquer origem”, explica Ferreira.

O terceiro destino do calçado brasileiro no exterior foi a França, que em julho importou 275 mil pares por US$ 6,9 milhões, incrementos de 42,4% e de 24,8%, respectivamente, em relação a julho de 2018. Com isso, no acumulado, os franceses somaram a importação de 3,74 milhões de pares por US$ 33 milhões, incremento de 1,2% em volume e queda de 7,6% em receita no comparativo com igual período do ano passado.

Estados – os sete primeiros meses do ano, o principal exportador de calçados brasileiros foi o Rio Grande do Sul. No período, os gaúchos embarcaram 17 milhões de pares, que geraram US$ 256,18 milhões, altas de 11,2% e de 2,3%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2018. A segunda origem foi o Ceará, de onde partiram 23,6 milhões de pares por US$ 146,68 milhões, incrementos de 0,1% e de 9,1%, respectivamente, no comparativo com igual período de 2018. A terceira origem foi São Paulo, que embarcou 4,4 milhões de pares por US$ 59,53 milhões, 9,2% mais em volume e 2,8% menos em receita na relação com mesmo ínterim do ano passado.

Importações – Assim como as exportações, as importações de calçados aumentaram no mês de julho. No mês 7, entraram no Brasil 2 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 33,73 milhões. Os resultados são superiores tanto em pares (11,5%) quanto em dólares (8%) na relação com mesmo mês de 2018. Com isso, nos sete meses entraram no País 17,63 milhões de pares por US$ 214,6 milhões, incrementos de 0,6% em volume e de 0,1% em receita no comparativo com período correspondente do ano passado.

Nos sete meses, as principais origens das importações foram Vietnã (6,78 milhões de pares e US$ 107,2 milhões, quedas de 7,4% e de 10,8%, respectivamente, em relação a 2018), Indonésia (2,6 milhões de pares e US$ 41 milhões, incrementos de 18,7% e de 13%, respectivamente) e China (6,28 milhões e US$ 28,14 milhões, incrementos de 1,7% e de 15,8%, respectivamente).

Em partes de calçados – cabedais, solas, saltos, palmilhas etc – as importações chegaram a US$ 7 milhões nos primeiros sete meses do ano, 40% menos do que no mesmo período do ano passado. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.