Zona secundária é hoje concorrente. Regime deve passar de um oligopólio regulado para uma concorrência semi regulada ou até desregulada.

A Zona Secundária é uma concorrente da ABV?

MARCELO MOTA – Ainda é, porque você ainda tem ainda muita carga DTA em trânsito e, inclusive, ainda existem alguns desafios, até partindo um pouquinho para desafios, então existe toda uma reformulação da questão aduaneira de cargas, do tratamento de cargas no Brasil. A receita federal vem liberando essa modernidade do setor. É inegável que o mundo – não diria nem que ta mudando – mudou com a implantação do portal único, do INPE, da substituição do Mantra pelo CCT…Outro conceito que a receita federal vem trazendo – vem aos poucos desenvolvendo – de fazer o desembaraço nas nuvens. Tudo isso vai mudar radicalmente o setor de carga no Brasil. Hoje o modelo é centrado nesse regime de, vamos dizer, oligopólio regulado, porque as cargas entram por aeroportos regulados, ela obrigatoriamente passa por aqui e tá havendo uma desregulamentação do setor. Essas mudanças que a receita federal vem promovendo tão indo numa modernidade, buscando agilidade, uma desburocratização e concorrência no setor. Então ele deve passar de um oligopólio regulado para uma concorrência semi regulada ou até desregulada.

Essa é a expectativa para os próximos 5 anos, talvez um pouco mais longo prazo aqui no Brasil, mas vai acontecer; já está acontecendo. Então isso vai exigir também um aumento de uma mudança de estratégias do funcionamento dos aeroportos. Hoje de manhã, por acaso, vi uma reportagem do ministro Tarcisio dizendo que vai privatizar todo o setor ferroviário, dizendo que vai privatizar a saída e dizendo que pretende aumentar, com isso, não sei quantas vezes – não lembro o número, mas guardei a reportagem pra gente poder considerar no nosso planejamento também – de aumentar o número de  cargas ferroviárias, desenvolver muito  mais esse modal. Então tudo isso são desafios, mas a gente aqui em Viracopos, pelo menos, a gente tem uma filosofia empresarial que diz “a gente não tem medo da concorrência; pelo contrário, a gente sempre atuou com a ideia de primeiro ser ágil e eficiente e isso nos permitiu até – a gente teve até uma discussão no início da conversa – de que quanto mais ágil a gente é, menos receita de armazenagem a gente tem, que é o negócio do Teca. A gente preferiu ser ágil que a gente ganha em volume, ganha no giro, ganha na preferência e conseguimos.

Isso é uma marca da administração da ABV, que a gente e fato conseguiu com que Viracopos passasse a ser considerado, reconhecido no Brasil como um aeroporto ágil e eficiente. Então ao invés da carga ficar aqui 15 dias, fica 2 dias. E todo mundo vem atrás da agilidade. A ideia é essa: corredor de passagem. Então como a gente tem essa filosofia empresarial e tem trabalhado para conseguir isso, a gente acha que já está se posicionando para essa nova realidade de mercado Mas vão ter que mesmo ser feitas mudanças mais profundas, porque a concorrência vai ser real, a modernidade vai chegar no setor e a gente tem que estar na linha de frente.

Do ponto de vista de inovação, existe alguma linha interna de aplicação de tecnologias aplicada à logística ou projetos internos nesse universo de inovação, às vezes até mais disruptivo no setor?

MARCELO MOTANão, sinceramente não. A gente tem tido muito mais modernização de equipamento, melhoria de processos, mais do que trazer algo como drone. A gente vai ter sempre avaliado um conceito de gestão que diz o seguinte “a primeira coisa que você tem que fazer é a modernização da sua infraestrutura”. Mas isso leva até determinado momento. A não ser que haja tecnologia disruptiva, você tem que trabalhar na modernização do processo. E isso dá um ganho de eficiência até maior do que o ganho de infraestrutura. E foi isso que Viracopos focou nesses anos todos: na modernização do processo. Em termos de um negócio de armazenamento de carga, o que a gente tem é o transelevador, que é extremamente seguro e ágil, compramos um sistema supermoderno, alemão, o WMS (Warehouse Management System), que substitui o TecaPlus da Infraero, muito mais moderno, muito mais eficiente e permite a cobrança de diversos modelos