Chineses compram porto paranaense por R$ 2,9 bilhões
Investidores dizem que negócio é apenas o primeiro passo de um plano de expansão na América Latina que demonstra “confiança na economia brasileira”.
A operadora chinesa de terminais China Merchants Port (CMPort) anunciou a compra, por R$ 2,9 bilhões, de 90% do TCP, que opera o terminal ao lado do Porto de Paranaguá, um dos maiores da América do Sul. O negócio marca a entrada do grupo chinês na América Latina e foi anunciado como “crucial para a expansão global da empresa” e uma “demonstração de confiança na economia brasileira”, segundo Bai Jingtao, diretor administrativo da CMPort, com sede em Hong Kong.
A transação abrange também a subsidiária TCP Log, que presta serviços logísticos como armazenagem e carregamento. Pelo acordo, a CMPort comprará 50% das ações da TCP que pertencem à Advent International e 40% das ações da empresa que pertencem aos acionistas fundadores da TCP – Galigrain S.A. (“Galigrain”), Grup Maritim TCB S.L. (“TCB”), Pattac Empreendimentos e Participações S.A. (“Pattac”), Soifer Participações Societárias S.A. (“Soifer”) e TUC Participações Portuárias S.A. (“TUC”). Advent, Galigrain e TCB venderão a totalidade de suas ações, enquanto Pattac, Soifer e TUC manterão, juntas, 10% do capital da empresa.
Anunciada no final de semana (03/09), a negociação envolvendo a TCP – empresa avaliada em aproximadamente R$ 3,2 bilhões (US$ 1 bilhão) –, é uma das maiores já realizadas no setor de terminais de contêineres na América Latina. A operação deve estar concluída até o final do ano, devendo passar, antes, pelas etapas de aprovação regulatória, incluindo o parecer do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
Em abril de 2016, o governo federal renovou o contrato de arrendamento da TCP por mais 25 anos a partir de 2023, prevendo, entre as contrapartidas, a construção de dolfins exclusivos para a atracação de navios que fazem o transporte de veículos e a ampliação da retroárea, de 320 mil m2 para 477 mil m2.
O terminal operado pela TCP movimenta aproximadamente 10% do total de contêineres no país. Entre os produtos, estão carnes congeladas (segmento em que a TCP é líder de mercado), madeira, componentes para a indústria automotiva, químicos e equipamentos eletrônicos.
Planos de expansão – Os novos donos da TCP comandam uma das maiores operadoras globais de terminais de contêineres. A CMPort movimentou em 2016 mais de 95 milhões de TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) . Na China, a empresa possui operações em Hong Kong, Shenzhen, Shanghai, Ningbo, Qingdao, Dailian, Tianjin, Zhanjiang e Xiamen Bay, entre outras. A empresa detém, ainda, terminais de contêineres nos Estados Unidos, Sri Lanka, Nigéria, Djibouti, Togo e Turquia, bem como em diversos países da Ásia e Europa.
“A TCP não é apenas o marco fundamental da China Merchants para entrar no Brasil, mas o futuro hub para o crescimento do fluxo de commodities e bens entre o Brasil e a China. A China Merchants Port também usará sua experiência global de operação portuária para ajudar a TCP a continuar sua história de sucesso como um dos principais líderes do setor portuário no Brasil e na América Latina”, destacou Bai Jingtao. “Esta aquisição histórica demonstra a confiança da CMPort na economia brasileira e seu compromisso em contribuir para o desenvolvimento da infraestrutura do país e para o crescimento do fluxo de negócios entre os países do BRICS”, acrescentou o executivo.
“A transação contribuirá para que a CMPort alcance seus objetivos comerciais, e, ao mesmo tempo, contribuirá para o desenvolvimento do comércio entre o Brasil e a China e para a relação de cooperação estratégica entre os dois países “, completou Hu Jianhua, vice-presidente executivo da China Merchants Group.
O atual CEO da TCP, Luiz Antonio Alves, permanecerá à frente da empresa. Os bancos BTG e Morgan Stanley atuaram como assessores financeiros dos acionistas vendedores na transação.