Congestionamentos de caminhões escancaram necessidade de novo acesso ao Porto de Santos
Os congestionamentos de caminhões em direção ao Porto de Santos não são novidade, mas se intensificaram neste segundo semestre, devido ao escoamento da safra de grãos, e mobilizaram os caminhoneiros autônomos, como o da última quarta-feira, no Viaduto da Alemoa, que durou 12 horas. Essa antiga realidade reforça uma necessidade: a da construção de um novo acesso para a Margem Direita, na Cidade. Há projeto para isso e, na mesma proporção, o consenso das diversas esferas do Poder Público a respeito dessa carência.
O tema é tão urgente que, na noite de sexta-feira (01/09), motivou uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo do Estado, com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre ações de curto, médio e longo prazos para tentar encerrar o nó logístico que cerca a chegada de caminhões ao porto santista, o maior da América Latina.
“Nós, que trabalhamos na Alemoa e na Margem Direita do Porto de Santos, estamos convencidos há muitos anos desta necessidade. Aumentou-se o volume (por tonelada, por quantidade de veículos comerciais e por TEU) e parece óbvio que são necessários maiores e melhores acessos. Tudo pela fluidez logística, organização e por segurança”, afirma o presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA), João Maria Menano.
Ele ressalta que o momento deve ser aproveitado para o desenvolvimento da logística conjuntamente com a carga. Ainda mais porque, lembra o dirigente da AMA, o recente Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a população residente em Santos diminuiu, sendo “pura carga na veia dos acessos rodoviários e aumento na área de negócios”.
“Se olharmos para o conjunto de ações das últimas décadas, constatamos que foram construídas a segunda pista para automóveis da Rodovia dos Imigrantes, as perimetrais de Santos e Guarujá, o Rodoanel, novos berços, além de novos e modernos terminais. E continuamos somente com a Anchieta para caminhões e o mesmo Viaduto da Alemoa para acesso à Margem Direita do Porto, que representa, ainda, mais de 50% do movimento de Santos. Ficamos verdadeiramente como um funil”, detalha.
O projeto – A segunda entrada para o Porto de Santos na Margem Direita, com a implantação de viadutos e via para descruzamento rodoferroviário na região da Alemoa e Saboó, está no contrato firmado pela Autoridade Portuária de Santos (APS) com a direção da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), administrada pelas empresas VLI, MRS e Rumo.
O compromisso é parte integrante da relação de investimentos mínimos e obrigatórios previstos a serem realizados pela cessionária, a fim de expandir a capacidade de movimentação de cargas no complexo portuário santista. O consórcio, porém, procurou o Governo do Estado para solicitar uma troca.
“No contrato, o preço estava em R$ 200 milhões, mas já atingiu hoje R$ 400 milhões. Fomos procurados pela Fips para fazer uma troca e incluir essa obra no contrato da Ecovias. Em contrapartida, a Fips gastaria esses R$ 200 milhões em habitação na Baixada Santista, em especial em Santos e Guaruja. Mas qualquer acerto depende da Autoridade Portuária”, revelou para A Tribuna o secretário estadual de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini.
“É algo supernecessário. Não é uma obra fácil. Quanto mais rápido decidir, a obra pode ser iniciada. A Ecovias tem interesse em fazer”, emenda Benini. Procurada pela Reportagem, a APS respondeu, em nota, que está tratando do assunto diretamente com a direção da Fips, uma vez que a decisão sobre o tema é de competência da gestão do Porto de Santos. “A APS divulgará o resultado tão logo se chegue a uma definição”, afirma.
Negociações – Também em nota, a Fips confirmou as informações divulgadas pelo Governo do Estado, avaliando que essas negociações podem favorecer a Baixada Santista. O consórcio aguarda pelo que considera “o melhor acordo”.
“A construção do viaduto por um outro player possibilitará que os investimentos até então previstos pela Fips para a realização da obra sejam direcionados para outras importantes ações de cunho social da região. A Fips acredita que o Governo do Estado e a Autoridade Portuária vão chegar ao melhor acordo e aguarda a definição final por parte da APS”.
Rapidez – O prazo previsto para a construção da segunda entrada para o Porto de Santos na Margem Direita, de acordo com o contrato com a direção da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), é de cinco anos. Mas o prefeito Rogério Santos (PSDB) não deseja que essa espera seja tão longa assim.
“Há um pacto federativo desde 2013 com obras em diferentes esferas: municipal, estadual e federal. A do Governo Federal até agora não foi executada e passou para a Fips. O que a gente pede é seja executada antes do prazo, assinado no fim do ano passado. É importante que comecem a fazer entendendo a importância para o Porto, para os caminhões e para a ferrovia, porque tira o cruzamento do caminhão com o trem na região do Valongo, entrando diretamente na Avenida Augusto Barata (Retão da Alemoa), atendendo aos terminais que chegam até a Ponta da Praia”.
Intervenções – Em âmbito municipal, Rogério lembra que tudo nesse sentido foi cumprido, com a entrega da Nova Entrada de Santos e o sistema de drenagem. Em termos estaduais, falta pouco das intervenções realizadas pela Ecovias, empresa que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), e fiscalizadas e gerenciadas pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). Trata-se do Binário de Santos.
A primeira fase da obra foi concluída em 2020 e foram entregues três viadutos (nos km 62, km 64+560 e km 65). Eles ampliaram a fluidez do tráfego de veículos e trouxeram mais mobilidade aos caminhões que saem do Porto de Santos em direção à Capital.
Na segunda fase do projeto, com previsão de entrega entre os dias 15 e 19 deste mês, estão sendo realizadas obras entre o km 59 e o km 65 da Via Anchieta, contemplando a construção de um novo viaduto no km 63, que vai possibilitar que os veículos com origem da Zona Noroeste de Santos e destino a São Paulo acessem a Via Anchieta pela SP-148, a Avenida Bandeirantes.
Aumento da demanda – Além disso, para atender o aumento da demanda de veículos que passarão a utilizar esse trecho, a SP-148 será totalmente recuperada e a ponte sobre o Rio Casqueiro terá sua capacidade de tráfego ampliada com a implantação de duas faixas adicionais. A obra tem investimento de R$ 346,2 milhões.
O outro é o Rabo do Dragão, também na Anchieta – uma alça de acesso ao Jardim Casqueiro, em Cubatão. O investimento é de R$ 72,6 milhões.
Fonte: A Tribuna. Para ler a reportagem original
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