Setor de autopeças prevê crescimento sustentável
No próximo ano, os fabricantes de autopeças vão produzir e exportar mais. Se as projeções do setor se confirmarem tudo indica que a receita dessa indústria, em 2018, será a melhor desde 2013. A expectativa do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes é obter, em 2018, faturamento de R$ 82,6 bilhões, o que representará um crescimento de 7,4% em relação ao previsto para 2017, um ano que termina com resultado bem acima de todas as previsões feitas ao longo do ano.
O cálculo do Sindipeças indica que a receita dessa indústria em 2017 chegará a R$ 76,9 bilhões, 22% mais do que em 2016. “Superar os R$ 80 bilhões em faturamento em 2018 é uma boa aceleração em relação ao que prevíamos sete meses atrás”, destaca o presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe.
Boa parte da recuperação da indústria de autopeças, depois de três anos de crise profunda, sustenta-se no incremento das exportações, tanto de veículos como de componentes. Com a crise, quando as vendas no mercado interno começaram a cair os fabricantes de componentes intensificaram visitas a feiras setoriais no exterior.
Nessa aproximação eles conseguiram espaço no mercado de reposição de outros países, inclusive em continentes mais distantes. Como acontece com as vendas externas das montadoras, a Argentina continua a ser o principal destino das exportações de componentes, com fatia de 30%. Mas os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, seguidos de México, Holanda e Alemanha.
“A crise nos fez perceber que o mercado interno não deveria ser o foco principal. Acredito que as exportações continuarão a ter espaço importante mesmo quando as vendas no Brasil voltarem a crescer”, destaca Ioschpe.
Nas exportações, as previsões para 2018 só são superadas pelo resultado de 2014. A venda de autopeças ao exterior somará em torno de US$ 7,4 bilhões este ano e US$ 7,8 bilhões em 2018, segundo cálculos do Sindipeças. O resultado deste ano representará um avanço de 12,8% na comparação com 2016. Para 2018, a expectativa de crescimento é de no mínimo 6,5%.
A atividade desse setor no mercado externo já foi, no entanto, bem melhor. O auge foi em 2011, quando os embarques somaram receita de mais de US$ 11 bilhões. A partir de então, o valor anual começou a cair. Como os fabricantes de veículos e grandes empresas de autopeças têm importado em grandes quantidades, a balança comercial de peças continua negativa. O déficit para este ano será em torno de US$ 5,4 bilhões e para o próximo a expectativa é chegar a US$ 7,6 bilhões negativos.
Diante de um cenário mais otimista, os fabricantes de componentes preparam-se também para investir mais. Os programas previstos para o próximo ano, segundo pesquisa do Sindipeças com as maiores empresas do setor, somam US$ 770 milhões em investimentos. Trata-se do maior volume desde 2014. Naquele ano, os investimentos somaram US$ 1 bilhão.
Mas, ao contrário do que aconteceu no auge das vendas de veículos no mercado interno, não se fala mais em construir novas fábricas. A aceleração das linhas de montagem nos últimos meses refletiu-se nas fábricas dos fornecedores, que conseguiram reduzir a ociosidade média de 52% em maio de 2016 para 32% no último bimestre. Segundo Ioschpe, os recursos agora tendem a se voltar ao desenvolvimento de produtos e ferramentas para melhorar a produtividade.
Projeções apresentadas ontem pelo Sindipeças indicam, ainda, índices de crescimento sucessivos no ritmo das linhas das montadoras nos próximos anos, o que, a se confirmarem essas estimativas, o Brasil voltaria, em 2022, a ter uma produção de veículos equivalente ao que foi em 2013, recorde do setor. “Temos de reconhecer a década perdida, mas, ao mesmo tempo, contamos agora com previsões otimistas que não tínhamos meses atrás”, afirma Ioschpe.
Com informações: Valor Econômico