“Algumas ‘Ilhas’ ainda são destaques mesmo na crise”, afirma CIESP Campinas. Porém, balanço ainda não é animador

anselmo_riso_diretor_comercio_exterior_ciesp_credito_roncongrac%cc%a7a_comunicac%cc%a7o%cc%83es-1A indústria da região de Campinas continua amargando resultados ruins neste ano. Os empresários do setor estão mais otimistas, mas o motor da economia só deve voltar a girar com mais força após os primeiros três meses de 2017. Até lá, a situação segue complicada, com os empresários apelando para empréstimos bancários até para pagar contas básicas como água, luz e telefone. E o corte de vagas tampouco dá trégua: só em setembro, foram 900 dispensas pelas empresas associadas da Regional Campinas do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o pior resultado para o mês da série histórica que começou em 2003. No acumulado do ano, a Regional registra 3.150 demissões. No ano passado, o total foi de 9.400 vagas a menos.

Tradicionalmente, agosto e setembro são meses que a indústria contrata para a produção de Natal – mas este ano os dois meses encerraram com cortes de vaga, porque a capacidade ocupada está muito baixa e os estoques altos. Ou seja, não há necessidade de aumentar a produção nem mesmo para atender as festas de final de ano.

A boa notícia é que a sondagem industrial apresentada ontem pelo Ciesp Campinas mostrou que já há sinais de dias melhores para a indústria regional – só que ainda muito fracos, de forma que os empresários tendem a continuar cautelosos. De acordo com o estudo elaborado pela Faculdades de Campinas (Facamp), em setembro houve queda de produção, redução da utilização da capacidade instalada e declínio da lucratividade. “Mas há alguns pontos positivos no levantamento, como por exemplo a ligeira melhora na intenção de investimento: 16,7% das empresas consultadas afirmaram que vão ampliar o número de máquinas. Mas 75% informaram que não vão investir. Quando o questionamento é o planejamento de investimentos para os próximos 12 meses, 12,5% informaram que pretendem aumentar os recursos planejados e 25% vão manter o volume projetado”, comentou o professor da Facamp, José Augusto Ruas. Ele observou que cresceu a quantidade de empresários otimistas com o futuro – mas isso não significa que o entusiasmo vai se converter de fato em mais investimentos e empregos. “Os empresários esboçam otimismo, mas continuam cautelosos. Os empresários esperam que as reformas prometidas pelo governo Temer saiam do papel”, concluiu.

Emprego – O 1º vice-diretor do Ciesp Campinas, José Henrique Toledo Côrrea, afirmou que as indústrias continuaram a cortar postos de trabalho e que, embora o índice de confiança esteja positivo, ainda é muito cedo para dizer quando, efetivamente, a indústria vai retomar o crescimento. “Acredito que o cenário comece a melhor de fato depois do primeiro trimestre de 2017”.

Ilhas – Mas nem tudo são problemas no setor industrial. As empresas que puderam contar com as exportações ou os setores que crescem mesmo durante as crises apresentam números favoráveis. Nessa lista estão segmentos como o de celulose, o farmacêutico e a agroindústria. O diretor-adjunto de Comércio Exterior do Ciesp Campinas, Anselmo Riso (foto – Roncon&Graça), afirmou que a corrente de comércio está menor neste ano do que em 2015. “Estamos importando e exportando menos. Os números apontam um recuo na produção para atender tanto o mercado doméstico quanto as exportações”, disse. Ele projetou que o déficit da balança comercial na área do Ciesp Campinas, que contempla 19 municípios, será menor do que em 2015. “Mas temos algumas ilhas dentro do polo industrial da região, setores que crescem mesmo com a crise, e que estão conseguindo exportar, investir e gerar empregos”, disse.

Com informações: RAC