Biofarmacêutica Amgen investe R$ 50 milhões no país
A biofarmacêutica americana Amgen vai investir R$ 50 milhões para ampliar a capacidade de produção do Bergamo, laboratório brasileiro comprado em 2011 e especializado em medicamentos genéricos e similares para tratamento do câncer. A caminho de atingir 100% de ocupação, a fábrica de Taboão da Serra (SP) passará por atualização tecnológica, receberá novos equipamentos e estará apta a produzir o dobro de produtos oncológicos liofilizados ao fim do programa de investimentos.
Ao mesmo tempo, a capacidade adicional permitirá que o negócio de genéricos e similares da Amgen dê início à exportação e produza medicamentos em regime de terceirização para outros laboratórios. Os recursos serão desembolsados em quatro anos, incluindo 2018, e parte será destinada também ao desenvolvimento de novos produtos.
De acordo com o gerente-geral da Amgen no Brasil, Mauro Loch, a decisão de investir no país neste momento não levou em conta o cenário macroeconômico ou político, e sim a perspectiva de crescimento do mercado de tratamentos oncológicos. Além disso, essa é a área terapêutica que mais cresce.
“O histórico bem-sucedido do Bergamo e as projeções para os próximos anos justificam o investimento. Foi uma decisão estratégica tomada localmente”, diz o executivo. Nos próximos anos, a meta é lançar entre três e quatro novas moléculas (de genérico ou similar) por ano e um ou dois produtos para o segmento hospitalar, complementares ao tratamento oncológico.
Nos últimos anos, o crescimento anual das vendas da linha de oncologia ficou entre 30% e 50%, contribuindo para a forte expansão da Amgen no país – a farmacêutica, cujo valor de mercado gira em torno de US$ 120 bilhões, teve receita global de US$ 22,8 bilhões em 2017 e não divulga dados financeiros locais.
O Bergamo responde atualmente por 50% das vendas consolidadas no Brasil, mas nos próximos cinco anos essa fatia tende a ficar mais perto de 30%, contra 70% dos medicamentos inovadores, com crescimento em ambas as categorias. Especificamente em genéricos, a participação do laboratório é superior a 30% considerando-se os mercados em que atua.
Com a expansão da fábrica paulista, o laboratório poderá dar início à exportação de medicamentos. “Estamos avaliando mercados potenciais”, afirma o diretor da divisão Bergamo, Alexandre Gachineiro. O primeiro lote deve chegar a um destino internacional em 2020 e o interesse não está limitado a países da América do Sul.
Em relação à venda de capacidade para outros laboratórios, o executivo conta que as consultas de outros participantes do mercado são constantes, e um eventual contrato pode ser firmado com rapidez. Ao todo, no Brasil, há apenas quatro fábricas de injetáveis para oncologia, incluindo a do Bergamo.
Em 2018, a desvalorização do real em relação às moedas estrangeiras pressionou as margens da indústria farmacêutica brasileira, que importa praticamente todos os princípios ativos. No laboratório, contratos flexíveis com fornecedores e a implantação de um sistema de melhoria de processos, há três anos, possibilitaram a absorção desse impacto. Com a adoção dos princípios da manufatura enxuta, afirma Gachineiro, alcançou-se uma economia anual da ordem de 10%, decorrente da melhoria de processos e redução de estoques e custos.
De acordo com o diretor-geral da Amgen, o lançamento de moléculas inovadoras, novos biossimilares e a ampliação de genéricos oncológicos devem manter o ritmo de expansão da operação brasileira. No Bergamo, em 2018, foram cinco lançamentos, incluindo o Mielocade (bortezomibe), para tratar mieloma múltiplo, e fluoruracila e vincristina, para tratamento de uma série de tumores malignos. Da linha de medicamentos da Amgen, há novas indicações para quatro medicamentos biológicos de alta complexidade. A partir de 2019, ao menos sete biossimilares podem chegar ao mercado – adalimumabe e bevacizumabe estão em aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).