Comércio global de contêineres cresceu 2% no segundo trimestre
O comércio global de contêineres cresceu cerca de 2% no segundo trimestre de 2019 em comparação com o mesmo período do ano passado. A previsão da Maersk é que o ano feche com aumento entre 1% e 3%. O relatório da companhia referente ao segundo trimestre aponta que o crescimento moderado da demanda mundial de contêineres em relação a 2018 reflete a desaceleração contínua nas manufaturas e pedidos de exportação globais. A publicação, divulgada na última semana, destaca ainda que o abrandamento recente do entusiasmo global, sobretudo no setor manufatureiro, reduz a probabilidade de uma retomada do crescimento no segundo semestre de 2019.
De acordo com o relatório, a frota global de contêineres alcançou 22,7 milhões de TEUs ao final do segundo trimestre de 2019, 3,7% acima do registrado no segundo trimestre do ano passado. As entregas totalizaram 260 mil TEUs (34 embarcações) durante o segundo trimestre e foram seguem lideradas por embarcações com mais de 10 mil TEUs. A publicação informa que 44 mil TEUs (30 navios) foram sucateados no segundo trimestre — bem abaixo do primeiro trimestre, quando 93 mil TEUs foram sucateados.
Segundo a Alphaliner, que apura os dados do relatório, a frota nominal global de contêineres crescerá 3,1% em 2019 e 3,5% em 2020. A Maersk avalia que, além da desaceleração cíclica da economia global, os principais riscos para a demanda mundial de contêineres estão relacionados às negociações comerciais entre Estados Unidos e China. A companhia interpreta que, caso esses contratempos se concretizem, a previsão para o crescimento de comércio global de contêineres deve ficar mais próximo do piso da previsão de 1% a 3%.
Em abril de 2019, os EUA aumentaram as tarifas sobre as importações chinesas de 10% para 25% em bens com valor equivalente de 2% a 3% dos bens comercializados globalmente. No início de agosto, os EUA anunciaram as tarifas de 10% em US$ 300 bilhões adicionais de mercadorias, com entrada em vigor em 1º de setembro de 2019. As restrições comerciais anteriores, impostas durante 2018 e lideradas principalmente pelos dois países, reduziram o comércio bilateral entre os dois países, e também levaram a mudanças nas estruturas comerciais.
Outro destaque do relatório é que, mesmo a China tendo retaliado as ações dos EUA, a Índia também decidiu impor tarifas sobre as importações norte-americanas, ainda que em pequena escala. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), a liberalização comercial está aumentando em outros lugares, superando parcialmente o impacto comercial negativo das tensões comerciais EUA-China. A publicação cita o Acordo de Facilitação do Comércio de 2017 e o Acordo de Comércio do Pacífico, que estão agora amplamente ratificados, aumentando a quantidade de fluxos comerciais cobertos por medidas liberalizadas.
Para a Maersk, o resultado das negociações do Brexit também representa um risco para o comércio de contêineres no Reino Unido e na Europa. O relatório lembra que o Fundo Monetário internacional (FMI) prevê que a economia global cresça 3,2% em 2019, contra as expectativas de 3,7% no final do ano passado, citando o aumento das tensões comerciais como um dos principais fatores para a desaceleração.