Conheça as indústrias que puxam investimentos na Região de Campinas: R$ 16,6 bi, o maior em 10 anos
A Região Administrativa (RA) de Campinas lidera os investimentos anunciados no Estado de São Paulo nos primeiros sete meses do ano, com total de R$ 16,57 bilhões. O montante representa praticamente um terço dos R$ 50,43 bilhões programados para todo o Estado e é o maior para a região em 10 anos, quando o valor chegou a R$ 17,14 bilhões em 2012, de acordo com a Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp) divulgado na quinta-feira (1) pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
Os investimentos na RA se concentram na indústria, responsável por 78,08% do total, seguidos por infraestrutura (18,48%), serviços (3,3%) e agropecuária (0,14%). Apesar do volume de investimentos neste ano ser expressivo, o coordenador do curso de Economia das Faculdades de Campinas (Facamp), José Augusto Gaspar Ruas, avalia que isso não significa uma retomada da economia regional ou paulista. “Os investimentos são positivíssimos, movimentam a economia da região. Porém, no aspecto macroeconômico, são localizados, pontuais, representam a oportunidade de modernização de plantas, com menor impacto na geração de emprego e renda”, explica.
Apenas quatro empresas – duas montadoras, uma fabricante de papel e a Petrobras – são responsáveis por 89,92% do montante. O economista observa que a maior parte do valor investido por elas será em novos equipamentos, o que não representa necessariamente criação significativa de novos postos de trabalho.
“Para efeito estatístico, os números são impressionantes, mas não significa uma retomada da economia”, afirma. Ruas considera que se o montante anunciado para a região estivesse pulverizado em um número maior de empresas que realmente estivessem se instalando, os efeitos na geração de empregos seriam ampliados. Ele acrescenta que os valores anunciados serão escalonados em um período de tempo, com o desempenho que tiverem no mercado definindo se realmente serão efetivados.
Maior investimento – A chegada ao Brasil da maior fabricante chinesa de automóveis de capital 100% privado, a chinesa Great Wall Motors (GWM), é o maior investimento anunciado para o Estado nos primeiros sete meses do ano. A montadora divulgou a destinação de R$ 10 bilhões para a fábrica em Iracemápolis, ocupando a planta adquirida de uma empresa alemã. A fábrica será a primeira da marca no País e a sua maior base de produção fora da China, com o objetivo de atender o mercado local e também exportar para a América Latina. Serão dois ciclos de investimentos para produzir SUVs e picapes híbridas e elétricas, com cerca de R$ 4 bilhões entre este ano e 2025 e outros R$ 6 bilhões de 2026 a 2032.
A unidade terá capacidade de produzir 100 mil veículos por ano e gerar 2 mil empregos na próxima década. Segundo a montadora, os veículos terão plataforma inteligente, conectividade avançada e recursos semiautônomos de segurança, estimulando a indústria local de fornecedores com a nacionalização de componentes e a criação de uma rede de eletropostos.
“O mercado brasileiro não é apenas o líder da América Latina, mas também um dos dez maiores mercados onde a empresa inicia a produção local fora da China. O Brasil é definitivamente nosso pilar estratégico para fazer acontecer a nossa meta para 2025”, afirma o Chief Operating Officer (COO) da montadora no País, Koma Li.
A expectativa da empresa é que a nova unidade fature R$ 30 bilhões já em 2025. Nos próximos três anos, serão lançados dez veículos no mercado nacional. O primeiro chegará até o final deste ano, ainda como importado, e o primeiro de fabricação nacional será lançado no segundo semestre de 2023. Para isso, a unidade de Iracemápolis passará por uma modernização inicial, que incluirá processos digitais na produção e linha de montagem inteligente.
O segundo maior investimento na RA de Campinas será da Petrobras na Refinaria de Paulínia (Replan), a maior em capacidade de processamento de petróleo da empresa, com 434 mil barris por dia, o equivalente a 69 mil metros cúbicos. A empresa de capital aberto, cujo maior acionista é o governo federal, anunciou R$ 2,2 bilhões para a construção de uma nova unidade de hidrotratamento de diesel, com capacidade para produzir 10 milhões de litros de diesel S-10 por dia.
O terceiro grande investimento na região é da maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil: a Klabin. A empresa investirá R$ 1,6 bilhão em uma nova fábrica de papel ondulado em Piracicaba, com capacidade de produção de 240 mil toneladas por ano. A previsão é que a unidade comece a funcionar em 2024, gerando 1,2 mil empregos, sendo 700 durante a obra e 500 na operação da planta.
A nova fábrica ficará em um terreno de quase 1 milhão de m² com localização estratégica, a cerca de 10 quilômetros de uma outra planta que a empresa já possui no município.
O quarto investimento de porte na RA de Campinas é de R$ 1,1 bilhão. Uma montadora japonesa Honda destinará recursos para a expansão e produção de novos modelos em sua fábrica em Itirapina.
Além dos investimentos previstos para a RA de Campinas e RM de São Paulo, o maior anúncio feito foi da concessionária CCR RioSP, que aplicará R$ 7,4 bilhões na modernização e operação do trecho paulista das Rodovias Via Dutra e Rio-Santos. Ainda na área de infraestrutura, a Tamoios destinará R$ 1,5 bilhão na implantação de contornos na Rodovia dos Tamoios, em Caraguatatuba e São Sebastião.