Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) prevê crescimento das vendas de pesados entre 5% e 10% em 2020
Animada com a retomada do mercado de veículos pesados, a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) comemora a nova fase do setor e espera por um novo crescimento em 2020, na faixa entre 5% e 10% no volume de vendas. A companhia estima que neste ano as vendas totais de caminhões e ônibus no Brasil devem ser 35% maiores que as de 2018, quando o país absorveu 91,1 mil unidades, sendo 76 mil caminhões e 15,1 mil ônibus.
A VWCO, que é a vice-líder do mercado de pesados, atrás apenas da Mercedes-Benz, registrou aumento de 32,3% de suas entregas entre janeiro e novembro – considerando a soma de caminhões e ônibus. Só no segmento de chassis de ônibus, a companhia elevou seus volumes em 70% no período, enquanto o mercado cresceu 40%.
“Ainda no ano passado, falávamos em um crescimento de dois dígitos para 2019, mas com esses números superlativos do mercado, o crescimento foi três vezes maior que o esperado”, analisa o CEO e presidente da VWCO, Roberto Cortes.
Confiante na retomada do setor, Cortes sublinha um ambiente mais saudável para os negócios. “Isso é fundamental para que a gente possa concluir nosso investimento de R$ 1,5 bilhão até 2021, que é 50% maior do que os ciclos anteriores”, afirma. O aporte inclui, entre outras aplicações, o desenvolvimento e lançamento da nova linha de caminhões Euro 6 da marca, que vão chegar ao mercado em 2022.
Após a consolidação global do Grupo Traton, a VWCO não divulga mais as estimativas de suas vendas para o mercado. Sob a nova condição, Cortes, que sempre foi muito aberto às projeções ao longo dos últimos anos, se limita a dizer que a participação de mercado será uma consequência e que o foco para o ano que vem é a recomposição da margem. Historicamente, o resultado operacional da empresa foi positivo até a crise iniciar em 2014, com a queda exponencial dos volumes de vendas de caminhões e ônibus. Aliado a isso, houve aumento dos custos operacionais (insumos, mão de obra, eletricidade), o que derrubou os números não só da companhia, mas de todos os players do mercado. “A maioria incorreu em vários anos de perdas”, lembra o executivo, que fez uma linha do tempo da crise, que durou de 2014 até a metade de 2017, quando houve uma inversão da curva até chegar a um crescimento de 44% em 2018.
Para Cortes, com o novo crescimento em 2020, há possibilidade de continuar recuperando os anos de defasagem e recompor os preços. Cortes revela que atualmente os preços estão 20% abaixo dos praticados em 2011, quando o setor de pesados atingiu recorde de vendas.
Segundo o vice-presidente de vendas, marketing e pós-venda da VWCO, Ricardo Alouche, no mundo ideal, seria necessário aumentar os preços atuais em 12%, mas aponta que é impossível adotar essa postura, uma vez que haveria grande postergação de compras, derrubando os volume de vendas. Ele conta que a VWCO já iniciou sua política de recomposição de preços em setembro, elevando a cada mês a tabela em 1%, o que inclui dezembro. Tal atitude, justifica, sinaliza ao mercado que os preços vão subir, mas de forma muito gradativa para não espantar a clientela.
MAIS PLANOS EM 2020 – A aposta da VWCO em um novo crescimento total de pesados no Brasil em 2020 é baseada em fatores como o lançamento de produtos – só a marca apresentou 15 novidades durante a Fenatran, incluindo o caminhão elétrico e-Delivery, que começa a ser produzido no ano que vem e a recuperação da economia, que apesar de lenta, faz com que a indústria retome seu ritmo aos poucos.
Adicionalmente a isso, a VWCO inclui em sua estratégia reforçar o plano de internacionalização da marca que consiste em aumentar a participação das exportações a partir do Brasil dos atuais 20% para 30%.
“Vamos fazer o mesmo trabalho que fizemos aqui no Brasil, entendendo o que o cliente quer, desenvolvendo da forma que ele quer, nossa engenharia de clientes está fazendo a mesma coisa, do México até a Argentina, e a hora que esses países começarem a retomar as vendas, a gente sai com uma vantagem competitiva”, explica Cortes.
Além disso, o presidente da VWCO considera outro fator: a fatia do mercado deixada pela Ford, que encerrou sua produção de caminhões no Brasil no fim de outubro. “Os produtos VW são os sucessores naturais dos produtos Ford: eles têm plataforma semelhante, vieram juntos na AutoLatina, temos a mesma filosofia de produto e de pós-venda.”
“Esses fatores vão fazer com que possamos aumentar as vendas e eventualmente a participação de mercado. A nossa prioridade é recuperação de margem/rentabilidade. Durante o período da crise, tivemos além da queda das vendas, os preços reprimidos e aumento dos custos que ainda não foram repassados no preço. Agora, com essa retomada da economia, nossa prioridade é retomar as margens aos níveis adequados para que continuemos investindo. E se com isso vier ganho de participação ou liderança de mercado, melhor ainda”, conclui.
Fonte: Automotive Business