China ultrapassa os EUA e consolida liderança no comércio com os principais países da AL

A crescente presença da China na América Latina cresce a olhos vistos. Desde 2001, os investimentos chineses acumulados na região já ultrapassam a cifra de US$ 100 bilhões e nesse período a corrente de comércio entre a China e a América Latina multiplicou-se em mais de vinte vezes.

E é com o objetivo de analisar os reflexos da presença chinesa na região que a Fundação Fernando Henrique Cardoso, uma das principais think thank brasileiras, promoverá no próximo dia 6 de junho, das 10 às 12h o Debate “América Latina:Cenário de uma Disputa Estratégica entre Estados Unidos e China?”. O evento terá a participação de Evan Ellis, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos do Army War College e do sociologo Bernardo Sorj, que fará os comentários.

Segundo a Fundação FHC, em reunião com a Comunidade dos Países Latino-Americanos e Caribenhos, em janeiro último, em Santiago, a China anunciou seu compromisso de intensificar a cooperação com a regiao não apenas na economia, mas também na área da defesa. Além disso, manifestou sua intenção de ampliar o número de Institutos Confucio para ensino da língua e disseminação da cultura chinesas na América Latina. Um mês depois, o então Secretário de Estado americano, Rex Tillerson, alertou contra o risco do “imperialismo chinês” na região.

A Fundação FHC pretende levar ao Debate as seguintes questões: mudou de fato a atitude dos Estados Unidos frente à crescente presença da China na América Latina? Pode a região se transformar em palco relevante da disputa estratégica entre as duas potências? Seria essa disputa vantajosa ou não para os países latino-americanos em geral e para o Brasil em particular?

Essas questões serão abordadas por Evan Ellis, pesquisador do Instituto de Estudos Latino-Americanos no Instituto de Estudos Estratégicos da Escola de Guerra do Exército dos EUA, PhD em Ciência Política com foco em política comparada, e especialmente em questões relacionadas à segurança na América Latina, relação da região com a China e crime organizado transnacional. É autor de diversos livros, entre eles “China on the Ground in Latin America”, publicado em 2014.

Antigo líder desbancado

Enquanto nos últimos dezessete anos a corrente de comércio entre a China e a América Latina multiplicou-se mais de vinte vezes, o fluxo comercial da região com os Estados Unidos ficou bem distante desse desempenho excepcional. No período, os Estados Unidos deixaram de ocupar o posto de maior parceiro comercial dos principais países da região, à exceção do México e da Colômbia.

Ano passado, o intercâmbio comercial do México com os americanos foi, de longe, o maior entre todos registrados pelos países da região com qualquer um de seus parceiros comerciais. As exportações mexicanas para o mercado americano totalizaram impressionantes US$ 327 bilhões, quase alcançando o fluxo total de comércio do Brasil, que no ano passado somou US$ 368 bilhões (exportações de US$ 217 bilhões e importações no montante de US$ 150 bilhões). Por outro lado, as importações de produtos americanos totalizaram US$ 195 bilhões.

Em relação aos outros países da região, os números do comércio com os EUA são infinitamente mais modestos. No caso da Argentina, por exemplo, as exportações somaram US$ 7,535 bilhões (11,3% do total) e as importações atingiram a cifra de US$ 4,460 bilhões (7,7% do total).

Ano passado, o Peru importou dos Estados Unidos um total de US$ 7,108 bilhões (20% do volume importado) e embarcou para o mercado americano bens no montante de US$ 6,235 bilhões (17,3% das importações peruanas no período).

Já a Colômbia seguiu tendo nos Estados Unidos seu maior parceiro comercial em todo o mundo. Em 2017, as exportações para os americanos somaram US$ 10,976 bilhões (com participação americana de 29,1% nas vendas colombianas ao exterior) e as importações de produtos americanos totalizaram US$ 12,096 bilhões (correspondentes a uma fatia de 26,3% nas exportações totais realizadas pelos colombianos).

Fonte: Comex do Brasil