Diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, anuncia que deixará cargo no final de agosto

Em um comunicado, o diretor afirma que a decisão foi pessoal e não envolve questões de saúde e nem motivações políticas.

“Entre o isolamento e minha recente cirurgia no joelho, tive mais tempo do que o habitual para refletir. E cheguei a essa decisão somente após longas discussões com minha família – minha esposa aqui em Genebra, minhas filhas e minha mãe em Brasília. É uma decisão pessoal – uma decisão familiar – e estou convencido de que esta decisão serve os melhores interesses desta Organização”,

“Eu também quero ser claro sobre o que não é: não está relacionado à saúde (graças a Deus). Também não estou buscando oportunidades políticas”, ressaltou.

Ele convocou uma reunião virtual para informar membros nacionais nesta quinta-feira à tarde sobre sua decisão de sair antes do final do mandato.

A saída dele acontece em um momento importante para o órgão de 25 anos, que viu seu papel na resolução de disputas ser afetado depois que seu Conselho de Apelação foi paralisado, em dezembro, por uma decisão dos Estados Unidos de bloquear a indicação de juízes.

A OMC, que tem o objetivo de determinar regras globais de comércio, não produziu nenhum grande acordo internacional desde que abandonou a “Rodada de Doha” em 2015.

Seus membros estão negociando um acordo para reduzir subsídios à pesca buscando permitir uma retomada dos estoques de peixes, enquanto um grupo menor está discutindo um possível acordo sobre e-commerce. Entretanto, persistem importantes diferenças e os grupos estão longe de um consenso necessário para fechar ambos os acordos.

Alguns membros, destacadamente os EUA, Japão e União Europeia, pressionam por reformas mais fundamentais Eles dizem que as regras comerciais globais precisam refletir novas realidades, como uma China mais forte, e lidar com problemas como subsídios estatais e transferências forçadas de tecnologia.