Indústrias iniciam retomada do desempenho pré-pandemia na região de Campinas

O desempenho das indústrias da região de Campinas está melhorando, com a retomada das atividades do período pré-pandemia da covid-19, iniciada em 2020. O setor registra aumento do volume de produção, geração de empregos, elevação das vendas e alta taxa de utilização da capacidade instalada, de acordo com Sondagem Industrial Mensal divulgada na terça-feira (25) pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp-Campinas), que engloba 548 empresas associadas — com faturamento anual de R$ 52 bilhões —, distribuídas em 19 municípios em uma das regiões mais ricas do País.

Segundo a pesquisa, 50% das indústrias tiveram aumento de produção em setembro, enquanto 42% permaneceram estáveis e 8% diminuíram. O resultado mostra uma melhora do cenário em comparação a agosto, quando a quantidade de empresas com crescimento no volume de produção era menor. Naquele mês, 36% tiveram elevação, 50% mantiveram o nível e 14% sofreram queda.

“Os números estão muito bons e corroborando o crescimento sustentável que temos visto nos últimos meses”, disse o diretor titular do Ciesp Campinas, José Henrique Toledo Corrêa. O cenário é semelhante ao da mesma época em 2019, quando as indústrias também viviam um momento de retomada econômica, que depois acabou freada e registrou queda por conta do impacto da pandemia.

Outros indicadores – A sondagem da entidade mostra ainda que, em setembro, 35% das indústrias operaram com 80,1% a 100% da capacidade instalada da produção, contra 14% em agosto. Outras 35% registraram volume de ocupação de 70,1% a 80% e 15% variaram de 50,1% a 70%. Em agosto, os índices eram, respectivamente, de 43% e 36%. Para o diretor do Ciesp, o desempenho é reflexo da deflação, aumento do comércio exterior e fortalecimento da economia nacional.

“As empresas estão a todo o valor, trabalhando bem”, disse. Segundo as pesquisas, outros indicadores reforçam a alta na atividade industrial. Entre eles, 35% dos empresários entrevistados aumentaram o número de funcionários e 65% mantiveram, 54% elevaram o faturamento, 38% reduziram o nível de endividamento graças ao desempenho positivo, 42% tiveram alta na lucratividade e 58% permaneceram estáveis. Nenhuma das empresas sofreu queda, enquanto que, em agosto, 8% passaram por essa situação.

Uma indústria de peças para motocicletas de Campinas é um exemplo que vive esse momento positivo e tem perspectivas de crescimento. “As vendas de motos estão aquecidas tanto para serem usadas para transporte pessoal quanto como ferramenta de trabalho, como aplicativos de entrega”, afirma o diretor comercial, Felipe Razera. Com isso, a empresa tem plano de aumentar o número de funcionários de 80 para 90 até o final do ano, alta de 12,5%, além de investir R$ 3,3 milhões na expansão da fábrica e R$ 300 mil na aquisição de novas máquinas.

Comércio exterior – A sondagem do Ciesp revela ainda que as exportações industriais da região somaram US$ 319,2 milhões (R$ 1,69 bilhão), aumento de 13% em comparação aos US$ 282,2 milhões (R$ 1,53 bilhão) de setembro de 2021. Foi o sexto mês deste ano e o quinto seguido em que as vendas ao exterior ficaram acima de US$ 300 milhões. Os outros foram em março, maio, junho, julho e agosto.

Com isso, as exportações acumuladas nos primeiros nove meses de 2022 somaram US$ 2,75 bilhões (R$ 14,55 bilhões), aumento de 27% em relação aos US$ 2,16 bilhões (R$ 11,43 bilhões) do mesmo período do ano passado.

De acordo com o Ciesp, Paulínia lidera as exportações da região nos nove primeiros meses do ano, com participação de 27,8% do total, seguida por Campinas (26,7%). O top 5 é completador por Sumaré (11,5%), Mogi Guaçu (9,4%) e Amparo (4,9%).

Déficit na balança comercial – Em setembro, as importações feitas pelas indústrias da região somaram US$ 1,3 bilhão (R$ 6,93 bilhões), o que representa aumento de 22,5% em comparação ao US$ 1,12 bilhão (R$ 5,93 bilhões) verificado no mesmo mês de 2021.

Entre janeiro e setembro, as compras feitas no exterior somaram US$ 10,7 bilhões (R$ 56,61 bilhões), montante 22,8% maior do que US$ 8,75 bilhões (R$ 46,27 bilhões) registrados em igual período do ano passado.

Com isso, a balança comercial da região registrou déficit de US$ 8 bilhões (R$ 42,33 bilhões) nos nove primeiros meses deste ano, ou seja, um déficit 21,3% maior do que no período de janeiro a setembro do ano passado, quando o resultado negativo totalizou US$ 6,59 bilhões (R$ 34,7 bilhões).

Em relação aos municípios que mais importam, a liderança também é de Paulínia, mas com uma participação maior, de 45,6%. Depois aparece Campinas (22,9%), Jaguariúna (8,4%), Sumaré (7.7%) e Hortolândia (6,7%).

De acordo com o 1º vice-diretor do Ciesp-Campinas, Valmir Caldana, fatores internos e externos tornam difícil estimar como será o desempenho do comércio exterior da região em 2023. “Os efeitos colaterais da covid na China, a guerra da Rússia e Ucrânia e as eleições no Brasil ainda não incertos para nós”, justificou.

Nos nove primeiros meses do ano, o Brasil registrou US$ 253,68 milhões (R$ 1,34 bilhão) em exportações, com participação de 1% no mercado global, ocupando a 25ª posição entre os países que mais exportam.

Perspectivas – O Ciesp também perguntou aos empresários que “considerando a atual conjuntura econômica do País – deflação e queda da inflação, na sua opinião, qual é perspectiva de crescimento do setor industrial para 2022?” Do total de participantes da pesquisa, 81% responderam que têm boa perspectiva de crescimento, 4% consideram que ficará estável e 15% não têm ainda uma avaliação.

Os empresários e executivos defendem a necessidade de redução da taxa de juros para manter a retomada do crescimento industrial. A sondagem aponta que isso é “fundamental e obrigatório” para 65% dos entrevistados, “importante” para 31% e “não interfere” para 4%.

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve a taxa Selic (taxa básica de juros) em 13,75% em setembro. A decisão interrompeu o ciclo de altas iniciado em março do ano passado. Em fevereiro de 2021, a taxa Selic era de 2%.