Movimentação de cargas do semestre, no Porto de Santos, registra aumento de 25% em valores

A soma das exportações e importações pelo Porto de Santos teve ligeira queda no primeiro semestre do ano, de 0,02%, atingindo 35,69 milhões de toneladas de mercadorias movimentadas. A baixa do dólar e a valorização do real explicam os resultados, garantidos pela farta movimentação de commodities, segundo especialistas.

Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e não da Codesp, que A Tribuna costuma usar nas análises de movimentação de carga. Estes, referentes às movimentações físicas de mercadorias, ainda não foram liberados pela administradora do Porto.

A alta das importações garantiu a manutenção da corrente de comércio no mesmo patamar do ano passado. Foram 12 milhões de toneladas, com crescimento de 7,8%. As exportações, ao contrário, caíram 3,8%, chegando a 23,6 milhões de toneladas.

O destaque negativo ficou para o açúcar, a carga movimentada em maior quantidade pelo Porto. Foram somente 6 milhões de toneladas exportadas, contra 7,3 milhões no ano passado. A queda foi de17,3%.

No sentido inverso da corrente, houve o crescimento das importações de adubo e fertilizantes, que passaram de 689 mil toneladas, no primeiro semestre do ano passado, para 1,5 milhão de toneladas, no mesmo período deste ano. O crescimento foi de 121,9%. Está nos planos do Brasil tornar-se autossuficiente na produção de adubo, o que reduziria a zero estas importações.

Se houve queda na quantidade de cargas movimentadas, os valores das mercadorias operadas, ao contrário, subiram 25,7% no semestre ante o mesmo período de 2010.

Foram US$ 53,9 bilhões em produtos importados ou exportados por empresas brasileiras via Porto de Santos, contra US$42,8 bilhões registrados nos primeiros seis meses do ano passado.

Com isso, o complexo mantém uma participação de 24,1%no comércio exterior nacional, um pouco abaixo do ano passado, quando dominava mais de um quarto dos valores enviados ou recebidos do exterior. Em tonelagem, o Porto de Santos responde por apenas 11,1% do total das cargas importadas ou exportadas pelo País.

O crescimento em valores pôde ser sentido tanto nas exportações quanto nas importações, segundo os números do MDIC. As exportações chegaram a US$ 28 bilhões – 24,8% a mais que o resultado do primeiro semestre de 2010. As importações, por sua vez, foram de US$25,8 bilhões, o que representa 26,7% de incremento no comparativo com igual período do ano passado.

Desta que positivo para a categoria de carga que o ministério classifica como “café, chá, mate e especiarias”, mas que é formada quase exclusivamente pelo primeiro produto. As exportações somaram US$ 2,98 bilhões, um crescimento de 91,5% frente ao primeiro semestre do ano passado. Em peso, foram 665 mil toneladas,14% a mais.

Análise

O economista João Carlos Gomes, professor da Faculdade deTecnologia (Fatec) de Praia Grande, explica que o crescimento em dólar reflete o aumento nos valores das commodities no mercado internacional, já que a quantidade de cargas, em si, pouco variou. “Se os preços ficassem iguais aos praticados no ano passado, os valores teriam sido os mesmos”.

Gomes conta que os países que consomem as commodities brasileiras, como a Rússia e a China, não sofreram influência da crise europeia até agora e, por isso, o comércio como Brasil se mantém forte. “A grande procura mantém os preços altos e isso compensa a queda em quantidade”.

O economista Hélio Hallite, diretor da Faculdade de Ciências Administrativas, Comerciais, Contábeis, Econômicas e Marketing da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), mostrou-se pessimista quanto aos números apresentados. Não pelo movimento do Porto em si, mas pela economia do País como um todo, que costuma refletir-se na operação portuária. Para ele, a recessão nos Estados Unidos e na Europa tende a impactar o mercado brasileiro.

Fonte: A Tribuna

 

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